Copa Africana de Nações, vitrine para jogadores desconhecidos

O torneio de 2017 é disputado no Gabão, de 14 de janeiro a 5 de fevereiro

Os modestos jogadores de Guiné-Bissau prepararam os currículos para 'distribuir' nesta quarta-feira, contra Camarões - STEVE JORDAN / AFP

A Copa Africana de Nações (CAN) se tornou uma importante vitrine para jogadores de clubes pequenos, depois de estrelas de grandes equipes recusarem participar da competição, devido a inconvenientes no calendário.

Enquanto renomados jogadores de Camarões preferiram ficar na Europa para não comprometerem o futuro em seus clubes, outros jogadores de seleções menores esperam sair do anonimato ou relançar suas carreiras. O torneio de 2017 é disputado no Gabão, de 14 de janeiro a 5 de fevereiro.

"É bom disputar esse campeonato. É assim que chegam as propostas e os contratos", disse o técnico de Togo, Didier Six, ao jogador Dové Womé, antes da CAN-2013. Desde então, o meia leva uma carreira digna na África do Sul.

Os modestos jogadores de Guiné-Bissau prepararam os currículos para 'distribuir' aos apaixonados pelo futebol nesta quarta-feira, contra Camarões.

"Temos jogadores muito jovens, a maior parte deles joga em times pequenos de Portugal", falou Leocisio Sami, atacante guineense que começou no Porto e que joga atualmente no Akhisar, da Turquia.

Sami é uma exceção, já que a maioria de seus companheiros se forma em clubes menores, como o Belenense ou o Rio Ave.

"Muitos times vão contratar nossos jogadores", aposta o técnico Baciro Candé.

"Existe uma grande demanda por relatórios sobre os jogadores", confirma Frédéric Mendy, que jogou na estreia contra Gabão.

Além do dinheiro 

"As pessoas vem perguntar de onde somos e em que posição jogamos", explica Mendy. O atacante de 28 anos cruzou com olheiros que o levaram para jogar em Singapura, em Portugal e agora na Coreia do Sul.

"Quando falo de Guiné-Bissau me perguntam aonde fica. É um belo país para visitar, espero que a CAN dê um pouco de visibilidade", admitiu à revista So Foot, em setembro.

Estes jogadores podem ter a sorte de serem treinados por técnicos que comandaram vários países. É o caso do francês Claude Le Roy, atualmente à frente de Togo e com experiência em mais de 10 países.

O sérvio Milutin Sredojevic, treinador de Uganda, tem ambições para os atletas do país: "Queremos que nossos atletas joguem na Europa, achamos que eles tem talento e capacidade para isso", disse à AFP.

"Mas é importante garantir que um jogador de Uganda não vá atrás somente do dinheiro. É bom que priorizem aspectos futebolísticos, que escolham um clube onde possam se desenvolver", advertiu o sérvio, que tem experiência em seleções africanas.

"Dessa forma, vão se tornar melhores jogadores e o dinheiro vem naturalmente". Caso contrário, os atletas correm risco de ampliar o cemitério de jogadores africanos com sonhos perdidos.