SANTA CRUZ

Tininho é acusado de interferência política na Comissão de Reforma do Estatuto

Menções foram feitas em carta aberta por Diogo Melo, ex-presidente da Comissão de Reforma do Estatuto, criada em 2018

Torcedores em protesto no Arruda pedindo reforma no estatuto - José Britto/Folha de Pernambuco

Uma carta aberta, de autoria do ex-presidente da Comissão de Reforma do Estatuto do Santa Cruz, Diogo Melo, ganhou as redes sociais na noite desta quinta-feira, ao apontar que o atual presidente do executivo do Santa, Constantino Júnior, junto a outros dirigentes do clube, tentou interferir politicamente na referida comissão de reforma estatutária ao assinar um documento que requisitava a presença de membros, segundo Diogo, contrários à reforma do estatuto, na comissão. 

Em um dos trechos da carta, o também ex-primeiro secretário do Conselho Deliberativo e conselheiro, revela o motivo do afastamento das atividades que, no momento exercia no clube. “No ano passado, anunciei publicamente minha renúncia às funções que exercia no clube por adquirir a compreensão de que as forças políticas existentes no Santa Cruz não permitiriam que as mudanças necessárias para que um clube volte ao caminho da prosperidade aconteçam. E não à toa, essas mudanças encaram uma forte resistência dos ditos ‘poderosos do clube’.”
 

O documento ainda faz referência à expansão dos debates levantados sobre a reforma estatutária do clube: “diversos convites oficiais para a participação de debates foram enviados aos poderes do clube, inclusive Conselho de Administração” - presidido pelo ex-presidente do clube, Antônio Luiz Neto -.Diogo continua dizendo que, no final de 2019, o atual mandatário do executivo tricolor teria assinado um documento, na tentativa de incluir um grupo de dirigentes opositores ao processo de reforma, na comissão. 

“Na reta final dos trabalhos, o então presidente do clube Constantino Júnior tentou incluir forçada e indevidamente pessoas sabidamente contrárias ao projeto entre os membros da Comissão de Reforma do Estatuto”. Grupo, segundo ele, encabeçado por Antônio Luiz Neto, classificando a investida como “uma clara e lamentável interferência política nos trabalhos que vinham sendo realizados”. 

A reportagem tentou contato com o presidente do Santa Cruz, Constantino Júnior, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. 

Onde parou o processo de reforma estatutária?
Em dezembro de 2019, contando com massivo apoio da torcida e do movimento Intervenção Popular Coral (IPC), a Comissão de Reforma do Estatuto, hoje presidida por Mário Godoy, esteve presente na primeira reunião marcada com o Conselho Deliberativo e membros de outras comissões dentro do Santa Cruz. Em um processo de discussão que somente pode entrar em vigor, na prática, após votação dos sócios enquadrados e adimplentes, a torcida teve que se contentar, durante toda a reunião, com atualizações nas redes sociais do que estava sendo discutido no auditório do clube. 

Depois de mais de três horas de encontro, a reunião foi paralisada sob a justificativa de que os ânimos da torcida estavam exaltados - mesmo o clube de portões fechados - e que a continuação dos pontos em debate seria dado nas duas próximas reuniões. Encontros que não chegaram a acontecer. O IPC, a partir disso, recolheu assinaturas da torcida e deu seguimento ao processo, convocando uma Assembleia Extraordinária, no qual os sócios podem votar a favor ou contra as propostas contidas no projeto de reforma do estatuto coral. 

Um grupo de dentro de clube, no entanto, entrou na justiça pedindo o impedimento da convocatória da assembleia de sócios. Aliado a isso, a pandemia do novo coronavírus se instaurou em Pernambuco e a votação, de fato, não pôde ocorrer. O IPC, por outro lado, continua se mobilizando junto a Comissão de Reforma para que, depois que o controle da Covid-19 aconteça no Estado, uma nova data seja marcada para votação do projeto de reforma estatutária do Santa Cruz.