Fake News

Após ação do Facebook sobre fake news, Bolsonaro diz ser vítima de perseguição

Foram removidas 35 contas do Facebook e 38 do Instagram que, segundo a empresa, atuaram para manipular o uso das plataformas antes e durante o mandato de Bolsonaro

Jair Bolsonaro (sem partido) - Marcello Casal/Agência Brasil

Em sua primeira manifestação pública após a ação do Facebook que removeu uma rede com 73 contas ligadas a integrantes do seu gabinete, seus filhos e aliados, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (9) que é vítima de perseguição e que seus adversários querem derrubá-lo no tapetão.

Foram removidas 35 contas do Facebook e 38 do Instagram que, segundo a empresa, atuaram para manipular o uso das plataformas antes e durante o mandato de Bolsonaro -incluindo a criação de pessoas fictícias que se passavam por repórteres. Parte das contas promovia propagação de ódio e ataques políticos.

"No Brasil sobrou para quem? Para quem está do meu lado, para quem é simpático à minha pessoa. E a esquerda fica aí posando de moralista, de propagadores da verdade etc.", disse Bolsonaro na transmissão feita diante de ao menos dois assessores em um gabinete improvisado para que ele se mantenha isolado já que está contaminado pelo novo coronavírus.

 



Bolsonaro fez a live sem máscara e tossiu duas vezes. Sobre a mesa, havia uma caixa de hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia cientificamente comprovada pela ciência no combate à doença. No braço esquerdo, estava visível um curativo para proteger o local de onde tirou sangue para acompanhamento de sua equipe médica.

O presidente disse ser alvo de ataques na internet e acrescentou que quem o chama de fascista não sabe do que está falando. Ao mostrar exemplos das agressões virtuais que sofre, afirmou que "dá vontade de rir de um otário deste aqui".

O Facebook e o Instagram identificaram páginas e contas com conteúdo de ataques a adversários políticos feitos por Tércio Arnaud Tomaz, 31, assessor especial da Presidência da República e que faz parte do chamado "gabinete do ódio" ou "gabinete da raiva".

O grupo, tutelado pelo vereador licenciado Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), é responsável por parte da estratégia digital bolsonarista. A existência do gabinete foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 19 de setembro do ano passado. O jornal mostrou que o bunker ideológico está instalado numa sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos passos do gabinete presidencial.

"A onda agora está para dizer que as páginas da família Bolsonaro, de assessores que ganham dinheiro público para isso promovem o ódio. Eu desafio esta imprensa, várias imprensas, em especial as televisões, que ficam dando espaço para isso. Me apontem um texto meu de ódio ou dessas pessoas que estão do meu lado, apontem uma imagem minha de ódio, no meu Facebook, dos meus filhos, me apontem uma imagem. Não tem nada", disse Bolsonaro.

"É o tempo todo acusando ódio. O que eu teria agora, o que eu ganharia agora acusando quem quer que seja no Brasil de qualquer coisa. Não existe nada no tocante a isso. Nada, zero. Por que essa perseguição?", indagou o presidente.

Bolsonaro afirmou que há pessoas que "teimam o tempo todo para derrubar o governo, para dizer que estamos produzindo material de ódio".

"O que que é ódio? Que que é material de ódio. Me apresente um texto que tenha saído de um Facebook meu, de um Instagram, de um WhatsApp... WhatsApp é difícil saber, mas de outra mídia social qualquer batendo no Legislativo, no Judiciário, seja o que for. Não existe isso".

Bolsonaro disse lamentar o que vem ocorrendo. "Não podemos perder essa liberdade da imprensa. Isso me elegeu presidente da República", afirmou.

O presidente disse que não produziu notícias falsas durante a campanha eleitoral de 2018 e negou que tenha promovido impulsionamento de fake news nas eleições presidenciais.

A chapa Bolsonaro-Mourão é alvo de oito ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sendo que outras duas já foram arquivadas. Elas pedem a cassação do presidente e de seu vice por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação durante a vitoriosa campanha eleitoral de 2018.

Quatro ações foram movidas a partir de duas reportagens da Folha de S.Paulo: a que revelou indícios de um esquema de impulsionamento de mensagens financiado por empresários bolsonaristas contra o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, e a que mostrou o uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular -a operação garantia o disparo de lotes de mensagens em benefício de políticos.

"O que que tinha que mentir naquele momento? Alguém me apresente uma matéria minha por ocasião das eleições, alguém me apresente aqui, me acuse de fazer impulsionamento. Custa caro. Eu não peguei um centavo do fundo partidário", afirmou.

"Tentam no tapetão, o tempo todo, querer derrubar a chapa Bolsonaro-Mourão ou desqualificar o governo, mas não apresentam uma prova sequer", disse Bolsonaro.