Pandemia

Quarentena une casais de artistas em séries produzidas em casa

Assim como os namorados Débora Falabella e Gustavo Vaz, Bruno Mazzeo e Joana Jabace gravaram juntos durante o confinamento

Débora Falabella e Gustavo Vaz criaram juntos a websérie - Jorge Bispo/Divulgação

A pandemia do novo coronavírus impôs mudanças drásticas ao setor audiovisual, interrompendo projetos já em andamento. Enquanto os estúdios de filmagens não voltam a funcionar, surgem produções adaptadas a esse novo momento. Diante das restrições ainda vigentes, artistas brasileiros estão utilizando suas próprias casas como cenário para as gravações. E quando o companheiro ou companheira trabalha na mesma área, então, a parceria de vida se transforma em colaboração profissional também.

Para o casal de atores Débora Falabella e Gustavo Vaz o convívio intensificado pela quarentena gerou um fruto criativo. Juntos, eles desenvolveram a websérie “Se eu estivesse aí”, cujos dez episódios já estão disponíveis no site Gshow. A ideia nasceu quando os artistas se viram impedidos de realizarem seus projetos no teatro e a segunda temporada da série “Aruanas”, na qual os dois contracenam.

Na série, os atores vivem Ele e Ela, que colocaram um fim na relação pouco antes da pandemia. Separados pela quarentena, eles precisam lidar com o rompimento apenas por meio de WhatsApp. A captação do som, feita em áudio 3D, tem como proposta fazer com que o público sinta que está no lugar do personagem que escuta o outro. Esse tipo de tecnologia já vinha sendo testada por Gustavo na Ex Companhia de Teatro, grupo que dirige ao lado do Bernardo Galegale e Gabriel Espinosa.

A cada dois episódios um tema diferente é abordado, trazendo à tona sentimentos como raiva, solidão, saudade e medo. Da roteirização à finalização, passando por atuação, mixagem e edição, todas as etapas da websérie foram executadas por Débora e Gustavo. “O grande desafio foi entender, ter que desenvolver e realizar todas essas funções de um set de filmagem, de uma forma muito pequena, com uma equipe reduzidíssima de duas pessoas que faziam tudo”, comenta Débora. 

“Conseguir separar os espaços do trabalho e do dia a dia sempre foi um movimento muito delicado e que a gente tinha que tomar muito cuidado para conseguir realizar de forma tranquila. A gente acabou estando em todos os lugares do projeto, o que tem sido muito enriquecedor, mas ao mesmo tempo exige fisicamente, mentalmente muita coisa durante esse tempo”, complementa Gustavo.

Para rir

Para “Diário de um Confinado”, série dirigida por Joana Jabace e com roteiro e atuação do marido, Bruno Mazzeo, foi montada uma equipe multidisciplinar para conduzir a produção remotamente. O resultado pode ser conferido na TV Globo, aos sábados, além de estar disponível também na plataforma de streaming Globoplay e nos canais pagos Multishow e GNT.

Com direito a suporte técnico e monitoramento à distância, as gravações ocorreram no apartamento onde o casal vive com os filhos, no Rio de Janeiro. No caso das participações especiais, que dividem a cena com Bruno, foram disponibilizados kits de gravação para os atores captarem as imagens em suas próprias residências.

Joana Jabace e Bruno Mazzeo em "Diário de um Confinado" (Foto: Glauco Firpo/Globo/Divulgação)


Mazzeo revela que, antes de começar a pré-produção do projeto, estava passando por um momento de bloqueio criativo influenciado pela pandemia. “Não estava conseguindo focar, me concentrar. Nem ler eu conseguia. Quando Joana trouxe a ideia e, depois que ela foi aprovada, aí não tinha mais jeito. Virou um compromisso, eu tinha que escrever. Confesso que passei por momentos difíceis durante o pouquíssimo tempo de criação. Acabamos fazendo uma série numa velocidade que eu nunca tinha vivido antes”, conta.

O ator colocou na série algumas das situações enfrentadas por quem está vivenciando a quarentena, sempre tratadas com humor. Os compromissos e relacionamentos de Murilo, seu personagem, passam a ser todos virtuais e, desta maneira, Bruno acaba interagindo com convidados, como Fernanda Torres, Renata Sorrah, Lázaro Ramos, Lúcio Mauro Filho, Arlete Salles e Deborah Bloch.

“Sempre foi uma preocupação: como contracenar sem a troca, o calor do set, o olho no olho? Depois de leituras on-line, adaptei os diálogos para o que senti ser o mais orgânico dentro dessa possibilidade. Acabou funcionando. Não tem jeito, é uma das formas que a gente usa para se comunicar hoje em dia, vai ter que ser incorporada à dramaturgia”, considera Bruno.

Ainda inspirada pelas restrições do isolamento social, a Globo pretende lançar mais um produto gravado à distância. Dirigida por Jorge Furtado, a série “Amores possíveis” deve reunir, em quatro episódios, os casais Taís Araújo e Lázaro Ramos, Luisa Arraes e Caio Blat e Fabiula Nascimento e Emilio Dantas, além de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro - mãe e filha. Ainda sem data de estreia, a obra conta com texto de Antonio Prata e Chico Mattoso.