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Bolsonaro rebate críticas de militarização na Saúde e diz que Pazuello fica

Pazuello comanda o principal ministério responsável por reagir à crise do coronavírus, que no Brasil já soma mais de 2 milhões de infectados e 76 mil mortos

General Eduardo Pazuello - Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu as críticas contra a militarização do Ministério da Saúde e afirmou que o general Eduardo Pazuello deve ficar à frente da pasta. "O Pazuello está muito bem lá", declarou Bolsonaro em sua live semanal nas redes sociais. O presidente argumentou ainda que prefeitos e governadores que têm solicitado auxílio ao Ministério da Saúde estão sendo atendidos.

"Acho que está precisando muito mais de um gestor do que um médico na saúde", acrescentou Bolsonaro, referindo-se às queixas de que o militar não tem formação médica. A atuação de Pazuello –ministro interino desde o pedido de demissão de Nelson Teich, em maio– e a ocupação de postos-chave da pasta por militares estiveram no centro de uma crise nos últimos dias. No final de semana passado, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), criticou a militarização do ministério e disse que o Exército estava se associando a um genocídio.

Pazuello comanda o principal ministério responsável por reagir à crise do coronavírus, que no Brasil já soma mais de 2 milhões de infectados e 76 mil mortos.

 



A fala de Gilmar desencadeou dois movimentos. Porta-voz da cúpula militar, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, publicou uma dura nota e informou que havia representado contra Gilmar na PGR (Procuradoria-Geral da República). Mas, em outro flanco, integrantes do Exército incomodados com a responsabilização das forças armadas renovaram as pressões para que Pazuello seja substituído ou peça remoção para a reserva –como fez o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. A aliados, no entanto, o ministro interino sinalizou que não pretende antecipar sua ida para a reserva.

Na live desta quinta, Bolsonaro confirmou que conversou com Gilmar após a eclosão da crise e que instruiu Pazuello a informar o magistrado sobre ações da pasta. Em um sinal de que não pretende antagonizar com Gilmar, Bolsonaro afirmou que "crítica construtiva é bem-vinda" e que, com a nota do Ministério da Defesa, considera o assunto encerrado.

O presidente usou a transmissão para render elogios a Pazuello, a quem chamou de "excepcional", e negar que exista um excesso de militares na pasta ou mesmo na Esplanada. Bolsonaro está em isolamento no Palácio da Alvorada, após ter sido diagnosticado com o coronavírus. "[Vamos] falar em Pazuello. Alguns querem a saída dele porque [tem] a militarização. Vocês estão com saudades dos ministros da Dilma, Lula e Fernando Henrique?", questionou o presidente. Ele disse ainda que o general da ativa levou consigo 15 militares para auxiliá-lo na pasta.

Apesar da fala do presidente, há ao menos 24 militares, na ativa ou na reserva, nomeados para o ministério. Bolsonaro enumerou ainda um a um todos os seus ministros que também são militares e lembrou que sua chapa presidencial em 2018 era formada por ele –um capitão reformado– e pelo vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva. "É proibido militar na política? É proibido militar ser ministro? Não", declarou o presidente.