Serra chama operação da PF de 'espetacularização' e diz que nunca foi ouvido sobre o caso
O senador nega as acusações e diz que a investigação é 'baseada em fatos antigos'
O senador José Serra, 78, afirmou em nota que foi surpreendido por mais uma operação da Polícia Federal na manhã desta terça-feira (21). O político é suspeito de estar no topo de um esquema de doações via caixa dois que teria beneficiado sua campanha com cerca de R$ 7 milhões em 2014.
Ele nega as acusações e diz que jamais foi ouvido sobre o caso. O político afirma que a decisão da Justiça Eleitoral foi "baseada em fatos antigos" e em investigação até então desconhecida por ele e por seus advogados.
Serra considerou "abusiva" a operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal. Ele ainda lamenta a "espetacularização que tem permeado ações deste tipo no país" e reforça que "jamais recebeu vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública". Por fim, o senador diz confiar no Poder Judiciário e que "espera que esse caso seja esclarecido da melhor forma possível".
O PSDB de São Paulo divulgou nota reiterando a sua confiança no senador José Serra, "pautada nos mais de 40 anos de uma vida pública conduzida de forma proba e correta". O presidente do diretório de São Paulo do partido, Marco Vinholi, afirma ter "confiança no poder judiciário e no esclarecimento dos fatos".
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (21), a Operação Paralelo 23, ligada à suspeita de caixa dois na campanha do senador José Serra (PSDB) nas eleições de 2014. A PF prendeu José Seripieri Filho, fundador da Qualicorp, do setor de planos de saúde.
A operação também incluía o cumprimento de mandado de busca e apreensão no gabinete de Serra em Brasília, mas a diligência foi barrada pelo Senado e depois suspensa pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli.
O polo financeiro do esquema, segundo a PF, foi coordenado pelo fundador da Qualicorp, conhecido como Júnior. "No topo da cadeia criminosa, tem o acionista controlador e, no topo do político, temos o então candidato", disse o delegado Milton Fornazari Júnior, responsável pela operação.
A operação apura ainda se houve contrapartida por parte de Serra e a razão para as doações não terem sido registradas junto à Justiça Eleitoral. Foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e 15 de busca e apreensão. Além da capital paulista e de Brasília, houve ações em Itatiba e Itu (interior de São Paulo).
A Justiça Eleitoral também determinou o bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados.