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Tucanos têm reação tímida após nova ação contra Serra e minimizam estrago eleitoral

Membros do PSDB buscam projetar discurso de tranquilidade após novo escândalo envolvendo senador

João Doria governador de São Paulo - Divulgação/Governo de São Paulo

A reação no PSDB à operação desta terça-feira (21) que atingiu José Serra teve tom discreto, com uma defesa protocolar do senador tucano e a tentativa de projetar para o exterior despreocupação com eventuais estragos eleitorais da ofensiva.

Diante do terceiro escândalo envolvendo o tucanato paulista em menos de um mês –antes houve a denúncia de Serra pelo Ministério Público Federal e o indiciamento do ex-governador Geraldo Alckmin pela Polícia Federal–, líderes da sigla se recolheram.

Nos bastidores, contudo, as consequências das suspeitas de corrupção para os membros que disputarão as eleições municipais de novembro começaram a ser calculadas. Um dos candidatos que podem ser prejudicados é Bruno Covas (PSDB), que tenta se reeleger prefeito de São Paulo.

 



No diretório nacional do PSDB, presidido pelo ex-deputado Bruno Araújo, a resposta à nova operação contra Serra se limitou à republicação, pela manhã, da nota de defesa postada no perfil do senador no Twitter.

À tarde, procurada pela reportagem, a executiva nacional do partido enviou um comunicado: "O senador José Serra tem uma história de contribuições para o Brasil. Temos confiança no devido esclarecimento dos fatos".

No diretório paulista, a reação também veio em forma de nota, assinada pelo presidente Marco Vinholi, também secretário do governo João Doria (PSDB). "O PSDB de São Paulo reitera sua confiança no senador José Serra, pautada nos mais de 40 anos de uma vida pública conduzida de forma proba e correta."

O texto completa: "Mantemos nossa confiança no Poder Judiciário e no esclarecimento dos fatos".

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria foi breve ao ser questionado sobre os correligionários Serra e Alckmin. O governador expressou solidariedade a eles, ressaltou que não foram condenados pela Justiça e minimizou os impactos na campanha do aliado Covas.

"Defendo a continuidade das investigações pelo Ministério Público e demais organismos. Confio que as respostas serão dadas de forma adequada e lembro que estamos na fase de investigação", disse.

"Não há nenhuma condenação ao Alckmin e ao Serra e não vejo nenhuma razão para que isso possa causar qualquer dano à campanha do Bruno Covas à reeleição", concluiu o governador, que é pré-candidato à Presidência da República em 2022.

À reportagem a deputada Carla Morando, líder da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa de São Paulo, disse que o senador e o ex-governador devem ter respeitado o direito de defesa e reforçou o discurso de que o partido quer esperar a conclusão das investigações.

"Ele [Serra] deve ter o direito de resposta. E, antes de julgar qualquer um, a gente espera que a Justiça faça o trabalho dela. E a gente não acha que deva ter impunidade de nenhuma forma", afirmou.

"A gente tem acompanhado. Algumas coisas a gente fica até meio triste, porque o Alckmin a gente tem muita certeza da idoneidade e da conduta reta dele. Mas todo homem público está sujeito a isso."

A deputada, que é casada com o tucano Orlando Morando, candidato à reeleição na Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), também buscou descolar o partido das denúncias que atingem Serra e Alckmin.

Na opinião dela, os casos não têm potencial de causar prejuízo na campanha, já que o eleitor vota mais pelas realizações do candidato do que pela sigla a que ele pertence. "O eleitor sabe diferenciar o partido do candidato. Ele vê o que mudou na vida dele, o que melhorou."

Parlamentares do PSDB no Congresso, em sua maioria, preferiram o silêncio. Um deles, o senador Plínio Valério (AM), foi ao Twitter manifestar "solidariedade e carinho" com o colega. "O meu repúdio à forma como estão tratando o nosso querido e respeitado senador", escreveu.

O deputado federal Pedro Cunha Lima (PB) disse à CNN Brasil que respeita a trajetória de Serra, mas defendeu a "compreensão jurídica de que ninguém pode estar acima da lei".

"Não podemos ter favoritismo partidário no instante em que chega alguma investigação de algum filiado da nossa legenda", afirmou à emissora.