coronavírus

PM de SP promove e dá status de herói a policiais mortos com Covid-19

A promoção post mortem é um gesto de reconhecimento do governo paulista ao sacrifício dos policiais durante a pandemia

A policial militar Magali Garcia, 46, uma das vítimas Covid-19, recebe beijo da filha, Ana Júlia, durante solenidade - Arquivo pessoal

O comando da Polícia Militar de São Paulo promoveu no último dia 17 os sargentos Magali Garcia, 46, e Cleber Alves da Silva, 44, os primeiros policiais militares paulistas mortos pela Covid-19 no estado.

A promoção post mortem -após a morte- é um gesto de reconhecimento do governo paulista ao sacrifício dos policiais durante o combate da pandemia. Eles passam a ser considerados heróis tombados em serviço.

"Eles são os verdadeiros heróis e jamais serão esquecidos, pois, nos momentos de isolamento social, estiveram na linha de frente, mesmo diante de todos os riscos, e sacrificaram suas vidas para garantir a segurança de todos", diz o comandante-geral da corporação, o coronel Fernando Alencar Medeiros.

De acordo com o comando da corporação, todos os PMs vitimados pelo vírus terão mesmo tratamento, promoção e status de herói, quando houver indícios de que a contaminação ocorreu no exercício da função policial-militar. O que é investigado em sindicância interna. Até agora, 16 policiais morreram da doença.

A promoção post mortem de policial precisa ser aprovada por uma comissão composta por cinco policiais militares, cujo parecer é submetido à aprovação final do Comandante Geral. Os dois policiais promovidos até agora tiveram aprovação unânime.

Magali e Silva trabalhavam no Copom (centro de operações da PM), na capital, e vieram a óbito em março e abril deste ano, respectivamente. Ela foi promovida à graduação de subtenente e, Silva, à 1º sargento. Além de ser um reconhecimento à memória desses policiais, a promoção também significa a elevação do valor dos vencimentos recebidos pelos familiares que herdarão as pensões.

O sonho de Magali era ser promovida a subnente, aposentar-se e mudar para Pardinho, no interior de São Paulo, onde havia construído a casa dos sonhos, como contam amigos e familiares.

Embora eles tenham seus nomes lançados no rol dos heróis, a PM não deve realizar, por ora, solenidades para homenageá-los em razão das restrições impostas pelo distanciamento social. "É uma missão muito difícil para um comandante entregar uma bandeira à família enlutada de um policial militar. A pandemia, contudo, nos trouxe um cenário totalmente inusitado, nos colocando diante de um inimigo forte, invisível e letal, que ainda impõe a crueldade de nem sequer poder velar o corpo e realizar uma cerimônia fúnebre com a honra merecida. O reconhecimento por meio de uma promoção post mortem é o mínimo que a Instituição pode fazer em homenagem a esses policiais", diz o comandante.

Ainda no começo do combate à pandemia, no mês de março, a Polícia Militar de São Paulo tomou uma série de medidas para evitar a contaminação em massa da tropa. Além da distribuição de equipamentos de proteção individual, como luvas e máscaras, também suspendeu as grandes operações e passou a orientar os patrulheiros a só realizarem abordagens quando estritamente necessárias.
Atualmente, 998 policiais militares estão afatados do trabalho por suspeita de contaminação da Covid-19. No final de maio, esse número chegou a 2.300.

Policiais militares que morreram de Covid-19:
Magali Garcia
Cleber Alves da Silva
Cledson Barbosa de Albuquerque
Gleivan da Silva Lima
Nelson Chagas Júnior
Rafael de Moraes Leite
Vitor Silva Neto
Gilberto Santana da Silva
Inaldo Farias da Silva
Israel Alves Soares
Jonathan Felipe Silva de Melo
Leandro José da Silva
Márcio Reginaldo Mota
Ricardo Valentim da Silva
Rosemeire de Faria Leite
Valdécio Alves