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Itamaraty intercedeu para agilizar entrada de Weintraub nos EUA

O visto foi solicitado no passaporte diplomático do ex-titular do MEC, que havia sido designado para um cargo no Banco Mundial

Ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Ministério das Relações Exteriores confirmou que intercedeu junto à embaixada dos Estados Unidos para a obtenção do visto de entrada para o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.

O visto foi solicitado no passaporte diplomático do ex-titular do MEC, que havia sido designado para um cargo no Banco Mundial.

Em resposta a dois pedidos via Lei de Acesso à Informação, o Itamaraty respondeu que o próprio Weintraub comunicou o chanceler Ernesto Araújo que iria assumir o cargo de diretor-executivo no Banco Mundial. Por isso, o ex-ministro solicitava os "bons ofícios" do Itamaraty para requerer o visto.

 



O pedido de Weintraub a Ernesto Araújo se deu no dia 18 de junho, exatamente a data em que o então ministro e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicaram um vídeo no qual anunciam a saída do então titular do MEC.
Weintraub disse a Araújo que pretendia viajar com a "brevidade possível".

"Na ocasião, o senhor Weintraub apresentou carta, datada de 17 de junho de 2020, pela qual o Ministério da Economia informava o Banco Mundial sobre a indicação, e solicitou os bons ofícios do Ministério das Relações Exteriores para requerer visto de entrada nos Estados Unidos", informa trecho da resposta.

A resposta ainda esclarece que o pedido de visto foi encaminhado à embaixada americana no mesmo dia 18.

Dois dias depois, seu irmão Arthur Weintraub postou em redes sociais que Abraham já estava em território americano.

Procurada, a embaixada dos Estados Unidos não respondeu até a conclusão desse texto se concedeu o visto ao então ministro ou se ele viajou com outro documento que não o passaporte diplomático.

Abraham Weintraub é investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito do inquérito das fake news. Durante reunião ministerial em 22 de abril, cujo conteúdo foi divulgado por decisão do Supremo, Weintraub também disse que deveriam se colocar "vagabundos na cadeia" e "começando pelo STF".

O Ministério das Relações Exteriores também afirma que se trata de um procedimento "habitual" interceder em casos de representantes do governo brasileiro designados para atuar em instituições internacionais.

O pedido encaminhado pelo Itamaraty à embaixada dos Estados Unidos também informa que a missão de Weintraub no Banco Mundial se dará de 19 de junho a 31 de dezembro deste ano.

No entanto, o processo de escolha do novo diretor-executivo apenas acontecerá nos últimos dias deste mês. Além disso, o mandato termina em outubro e uma recondução dependeria de nova eleição.

Caso seja escolhido, Weintraub vai assumir inicialmente apenas pelo restante do mandato de Fábio Kanczuk, que assumiu um cargo no Banco Central. A resposta do MRE também contém a original da carta do ministro Paulo Guedes (Economia), no qual indica Weintraub ao Banco Mundial e solicita a abertura do processo de escolha para a vaga interina.

Em uma outra resposta, o Ministério das Relações Exteriores informou que não deu apoio logístico na chegada do ex-ministro aos Estados Unidos e que nenhum diplomata o recebeu em aeroportos americanos.

A viagem de Weintraub aos Estados Unidos foi marcada por polêmicas em relação à data de sua exoneração do cargo de ministro. Inicialmente, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) publicou a exoneração no Diário Oficial da União a partir do dia 20 de junho.

Nessa data, Arthur Weintraub, informou que seu irmão já estava nos Estados Unidos.

Na semana seguinte, no entanto, Bolsonaro retificou a data de exoneração, que passou a valer a partir do dia 19.

A Secretaria de Governo alegou na ocasião que a carta de demissão só chegou ao ministro Jorge Oliveira no sábado (20).

Além disso, questionou-se na ocasião o possível uso do passaporte diplomático, destinado a autoridades em exercício do mandato.

O Ministério das Relações Exteriores, em sua resposta, via Lei de Acesso à Informação, informou que os passaportes diplomáticos para ministros de Estado são expedidos pelo prazo do mandato do presidente da República. Portanto, afirma, não caberia à pasta a retenção do documento.

Procurado, o Itamaraty não forneceu mais detalhes até o momento .