Coronavírus

Rússia anuncia produção de vacina contra coronavírus para setembro, mas não publica resultados

De acordo com Golikova, duas vacinas criadas por cientistas russos são promissoras

Material coletado para teste do novo coronavírus - Philip Fong/AFP

A Rússia anunciou que pretende dar início à produção industrial de uma vacina contra o novo coronavírus ainda em setembro deste ano. As primeiras doses podem ficar prontas em outubro, segundo Tatiana Golikova, vice-primeira-ministra do país.

De acordo com Golikova, duas vacinas criadas por cientistas russos são promissoras. Uma delas foi desenvolvida pelo Ministério Russo da Defesa e pelo Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Microbiologia Nikolai Gamaleia. A imunização já passa por testes em humanos.

"O lançamento de sua produção industrial está previsto para setembro de 2020, após uma certificação e testes clínicos adicionais em 1.600 pessoas", afirmou Golikova.

 



Uma outra vacina está sendo criada pelo Centro de Pesquisas Véktor, na Sibéria, e está na fase de testes clínicos, que devem terminar em setembro.

A agência de notícias Reuters informou nesta quarta-feira (29) que um órgão estatal de pesquisa russo, o Instituto Gamaleya, finalizou os primeiros testes de uma vacina baseada em adenovírus em humanos no início deste mês.

Uma fonte ouvida pela agência afirmou que a aprovação para a imunização do Gamaleya é esperada para as duas primeiras semanas de agosto. "Todos os resultados (do teste) são altamente positivos até agora", disse a fonte, que não foi identificada.

O desenvolvimento de uma vacina pode levar anos e precisa passar por uma sequência de testes que comprovem a segurança e a eficácia da substância para proteger contra a doença. Os chamados testes clínicos, feitos em humanos, precisam de três diferentes fases para comprovar o bom funcionamento da imunização. Uma autorização para uso da vacina na população só vem após a conclusão dos testes clínicos.

Em regra, os desenvolvedores de vacinas publicam resultados dos testes em periódicos especializados, que contam com a revisão do conteúdo feita por outros cientistas. Nenhuma das vacinas anunciadas pela Rússia teve uma publicação do tipo até o momento.

Caso os resultados das imunizações russas se comprovem, o país pode vir a ser o primeiro do mundo a ter uma vacina aprovada contra a Covid-19.

Até a terça-feira (28), mais de 150 vacinas contra o novo coronavírus estavam em desenvolvimento em todo o mundo -cinco delas na fase mais avançada de testes, em humanos. Atualmente, testes com duas vacinas são conduzidos no Brasil: uma britânica, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e outra chinesa, criada pelo laboratório Sinovac, que poderá ser produzida em São Paulo.