Começa temporada de jubartes em Fernando de Noronha
Três indivíduos da espécie foram observados nos últimos dias na Ilha
As exuberantes jubartes costumam visitar regiões de baixas latitudes, como a costa brasileira, entre junho e novembro. É a temporada reprodutiva das baleias que deixam todos os anos as regiões polares, onde se alimentam, para acasalar e dar à luz seus filhotes.
Em Fernando de Noronha, em Pernambuco, uma jubarte adulta foi vista nas proximidades da Baía de Santo Antônio na terça-feira (28), por volta das 7h37 e um filhote foi observado nessa quarta-feira (29), em frente ao Rugido do Leão. Em seguida, uma fêmea foi vista compondo o par. Ambos permaneceram na área até cerca de 11h50 com intervalos médios de 15 minutos entre um borrifo e outro. Mãe e filhote expuseram a cauda ao mergulhar. A última avistagem foi ao lado de uma lancha de pesca que estava atracada.
O Projeto Golfinho Rotador fez ainda outro registro em Noronha, em 11 de junho, de um borrifo. Há relatos de ocorrência de jubartes na Ilha desde 1989.
As jubartes têm respiração pulmonar e, por isso, sobem à superfície para expelir o ar quente e úmido dos pulmões pelas narinas, localizadas no alto da cabeça. Elas então inspiram novamente antes de mergulhar.
Em contato com a atmosfera, o ar se transforma em partículas de água que formam um grande borrifo. De acordo com a espécie, esse borrifo muda de formato e altura média, permitindo a identificação de que tipo de baleia se originou, segundo o Golfinho Rotador. Todo esse processo vira um grande espetáculo que pode ser apreciado pelos amantes da natureza.
As ilhas e os ambientes de corais são algumas das áreas preferidas pelas jubartes, chamadas pelos cientistas de Megaptera novaeangliae, durante a migração anual para completar seu ciclo de vida.
O Golfinho Rotador acompanha sistematicamente as baleias na ilha há 20 anos. Segundo o projeto, o início da temporada reprodutiva em Fernando de Noronha ocorre em julho (12,17% das ocorrências), havendo um pico em agosto e setembro (37,47% e 37,95% das ocorrências, respectivamente), com término no final de outubro (8,59% das ocorrências).
Existiram também ocorrências pontuais fora da temporada conhecida para a espécie no Hemisfério Sul, em janeiro, março e abril. O monitoramento de cetáceos ocorre regularmente a partir de dois pontos fixos: Mirante da Baía dos Golfinhos e Forte Nossa Senhora dos Remédios.
Conservação da biodiversidade
Os dados de avistagem das baleias são reportados ao Projeto Baleia Jubarte, que, junto com o Golfinho Rotador, são parceiros na Rede Biomar, formada por seis projetos voltados à conservação da biodiversidade marinha que atuam em rede com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Os outros são Projeto Albatroz, Projeto Coral Vivo, Projeto Meros do Brasil e Projeto Tamar.
As ações integradas de toda essa rede têm contribuído para potencializar os resultados dos conhecimentos científicos em torno da biodiversidade marinha, além de compartilhar experiências de educação ambiental e relacionamento com as comunidades.