Lucro do Facebook dobra na pandemia e empresa prevê crescimento mesmo com boicote
A companhia havia sinalizado expectativa de queda na receita publicitária, que representa quase a totalidade da operação
O Facebook registrou lucro líquido de US$ 5,18 bilhões (R$ 26,7 bilhões) no segundo trimestre deste ano, o dobro em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado financeiro divulgado nesta quinta-feira (30) é o primeiro a reunir três meses de impacto da pandemia de coronavírus.
A companhia havia sinalizado expectativa de queda na receita publicitária, que representa quase a totalidade da operação. O resultado, entretanto, superou a expectativa, atingindo US$ 18,3 bilhões (R$ 94,4 bilhões), 10% acima do resultado do mesmo trimestre de 2019 e 5% superior ao último balanço.
Empresas de diversos setores da economia reduziram o gasto com publicidade digital durante a crise de Covid-19, mas as redes sociais conseguiram reter usuários com ferramentas de videoconferências e medidas de inclusão comercial de pequenos negócios.
As primeiras três semanas de julho apontam para uma taxa de crescimento de anúncios "na linha com a taxa do segundo trimestre de 2020" (10%), segundo o Facebook, que espera um terceiro trimestre com desempenho semelhante ao deste mês.
O crescimento do próximo trimestre deve ser influenciado por incertezas macroeconômicas, pela reabertura comercial (que movimenta o negócio de pequenos lojistas na plataforma), pelo boicote de marcas que suspenderam anúncios e por regulações de internet, como a lei de privacidade da Califórnia, destaca a empresa.
Durante o mês de julho, mais de 1.100 marcas e de cem organizações, em atitude apoiada por uma onda de consumidores, pararam de anunciar na plataforma.
O movimento Stop Hate from Profit, que nasceu dos protestos antirracistas nos Estados Unidos, chamou a atenção para o financiamento na plataforma, que sofre escrutínio com a veiculação de discurso de ódio e desinformação. Empresas brasileiras também entraram no boicote.
A divulgação de resultados de quatro big techs -Facebook, Google, Amazon e Apple- acontece um dia depois de os presidentes das companhias testemunharem sobre antitruste perante o Congresso americano.
Na quarta-feira (29), legisladores citaram emails internos das companhias e evidenciaram relatos de testemunhas para pressionar as empresas sobre o poder delas no mercado de tecnologia.
Em relação ao Facebook, o presidente da Comissão Judiciária da Câmara, deputado democrata Jerrold Nadler (Nova York), questionou Zuckerberg, citando documentos dele que descreviam o Instagram como uma ameaça, antes que o Facebook o adquirisse em 2012.
"Esse é exatamente o tipo de aquisição anticompetitiva que as leis antitruste foram projetadas para impedir", disse Nadler.
"Acho que a FTC tinha todos esses documentos" quando analisou a aquisição quanto ao cumprimento das leis antitruste, respondeu Zuckerberg, referindo-se à sigla em inglês da Comissão Federal de Comércio.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, algumas autoridades da FTC em 2012 pensaram que o negócio levantava preocupações antitruste, mas temiam não vencer uma ação antitruste no tribunal.
A base ativa de usuários diários cresceu 12% na comparação anual, chegando a 1,8 bilhão de pessoas.