Saiba como identificar e se proteger dos gatilhos da dor de cabeça
Em evidência durante período de isolamento social, sintoma também pode alertar para existência de problemas neurológicos. Evite que a cefaleia prejudique sua qualidade de vida
Existem diversos tipos de dor de cabeça. De acordo com o neurologista e neurocirurgião João Gabriel Ribeiro, o número chega a 100, sendo 17 só de enxaqueca. Com advento da pandemia da Covid-19, muitas pessoas tem manifestado o problema com ainda mais frequência, tendo em vista o aumento da ocorrência de insônia, aumento do estresse e alterações no padrão de alimentação, entre outros distúrbios provocados pelo período de isolamento social. Apesar de as dores não serem uma doença, e sim um sintoma, elas merecem atenção, principalmente quando se tornam frequentes, pois podem alertar para a existência de problemas neurológicos. O tratamento, feito na maioria das vezes com analgésicos, pode vir acompanhado de hábitos de vida saudáveis.
Ribeiro explica que costuma dividir as dores em dois grandes grupos, a cefaleia primária e a cefaleia secundária. “As primárias são aquelas que não estão ligadas a outros fatores. Quando você faz um exame e não encontra alteração, você caracteriza como uma cefaleia primária. Já as secundárias são advindas de algum problema, como de um tumor cerebral, aneurisma ou até mesmo de uma malformação cerebral”, detalha.
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Normalmente, as primárias são chamadas de enxaquecas, que podem ser causadas por fatores hereditários, através de gatilhos - elementos que desencadeiam a crise - ou cefaleias tensionais, que estão mais relacionadas ao estresse e à tensão psicológica. A estudante de psicologia Victoria Julia, de 20 anos, conta que sempre teve crises pesadas de enxaqueca. Herdou o problema da avó, que também sofria muito com o problema.
“Desde muito nova, ainda criança, sofria com fortes dores, que só passavam quando eu tomava remédios injetados diretamente na veia. Com o passar do tempo, iniciei um tratamento com medicação específica e acompanhamento médico. Cheguei a fazer uma ressonância, mas nada foi detectado”, revelou. Ela disse ainda que as dores aparecem quando ela come “besteiras”, como chocolates e frituras, e que, quando está em crise, sofre também com desmaios e tonturas.
Já a policial civil Renata Sobral, 49 anos, tem dores constantes que estão relacionadas ao ciclo menstrual. “Fico extremamente enjoada, sensível à luz, aos mais variados cheiros e a qualquer tipo de barulho”, desabafa. Ela também costuma ter enxaqueca quando come chocolate. “Fico muito enjoada com chocolate e comidas gordurosas. Já cheguei a ter crises após comer um abacate”, lembra. Para controlar o problema, Renata costuma tomar café, um analgésico e dormir num ambiente escuro e silencioso. “Costuma funcionar”, conclui.
O especialista João Gabriel alerta que é preciso estar atento a como as dores se apresentam e se desenvolvem em cada pessoa. “Se são leves e pouco frequentes, é possível tratar em casa com analgésicos. Mas se são fortes ou acompanha algum sinal neurológico, como convulsões, vômitos, náuseas, sono, perda da força em algum lado do corpo, elas necessitam de um diagnóstico médico mais preciso para auxiliar no tratamento”, explica. “Também é preciso avaliar se a dor muda de padrão, por exemplo. Se mudou de lado ou intensidade é recomendado que o paciente passe por uma avaliação médica”, complementa.
Para reduzir a incidência, a dica é simples: a adoção de hábitos saudáveis no dia a dia. Além de manter o sono regulado e uma alimentação balanceada, o neurologista indica a prática de exercícios físicos como uma alternativa de tratamento. “Há estudos que apontam que a atividade física reduz a incidência das dores de cabeça”, destaca. No entanto, Ribeiro recomenda que o paciente tenha um acompanhamento médico, pois o especialista saberá como manejar o tratamento de forma mais adequada para o tipo de dor.
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