São Paulo recria magistério para formar assistente de professor
Curso se chamará Técnico em Educação e será uma das opções dos itinerários formativos oferecidos pelo novo ensino médio
Com a difícil missão de reverter a queda de interesse dos jovens brasileiros pela carreira de professor, o estado de São Paulo lançará em 2021 uma nova versão do magistério. O curso se chamará Técnico em Educação e será uma das opções dos itinerários formativos oferecidos pelo novo ensino médio. O plano é que forme profissionais para diferentes funções nas escolas, como assistente de professor.
O antigo magistério também era uma das opções do ensino médio, que antes tinha outros nomes, como segundo grau ou colegial, a depender da época. A diferença é que formava professores, e não assistentes, do infantil e fundamental 1 (pré-escola e primário), sem a necessidade de diploma universitário.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, tornou-se obrigatório o curso superior de pedagogia, e o magistério foi sendo gradualmente extinto. Ao final de 2020, se encerra o prazo para que profissionais formados apenas no magistério possam trabalhar como professores.
O secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, afirmou à Folha que o Técnico em Educação será elaborado neste semestre, quando também se definirá quais escolas irão implementá-lo. Será criada uma Escola de Aplicação, espécie de projeto modelo, com o novo magistério, vinculada à Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (Efape) do governo paulista.
"O desinteresse dos jovens por essa carreira passa pela questão salarial, claro, mas também por outros fatores, como a falta de estímulo e os problemas de formação", disse o secretário.
Katia Smole, do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, considera que o Técnico em Educação, não previsto na lei do novo ensino médio, é um ponto forte do currículo paulista, do qual ela foi uma das redatoras. Ela explicou que a ideia poderá ser apresentada ao Ministério da Educação e replicada em outros estados, a fim de se fortalecer nacionalmente o interesse na carreira de professor.
Smole citou uma pesquisa de 2018 da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que revelou que, em dez anos, o número de jovens brasileiros de 15 anos que queriam se tornar professores havia despencado de 7,5% para apenas 2,4%