Santa Cruz pede que tricolores torçam em casa na decisão do Estadual
Clube teme eventuais aglomerações nos entornos do estádio do Arruda
Santa Cruz e Salgueiro entram em campo, às 21h30 desta quarta-feira (5), para decidir quem será o novo campeão pernambucano. Fora dos gramados, entretanto, o fator segurança sanitária preocupa, com atenção especial para os arredores do estádio do Arruda, local do duelo. O alerta foi previamente ligado desde o confronto de ida, domingo (2), no Cornélio de Barros, em Salgueiro, quando torcedores do Carcará realizaram uma carreata pré-jogo em apoio ao time sertanejo.
Após o jogo, que terminou empatado em 1x1, o técnico Itamar Schülle, ao ser questionado pela assessoria do clube sobre como se sente ao ter de encarar um Arruda com as arquibancadas vazias, salientou concordar que ao menos metade da capacidade do estádio fosse liberada para ocupação do público.
"Libera para 50% do estádio. Cada um fica a dois metros um do outro. Acho que poderia ter uma consciência de liberar uma parte do estádio para a gente ter a participação da torcida. É para isso que existe estádio. A gente lamenta isso, porque seria lindo fazer uma decisão em casa e ter o nosso estádio cheio.”
A declaração repercutiu negativamente nas redes sociais, com torcedores questionando a fala em meio ao momento que o País atravessa. A preocupação é que essa colocação, principalmente partindo do técnico do Santa Cruz - um time de massa e grande torcida -, possa surtir um efeito dominó negativo, servindo até mesmo de incentivo para que aglomerações sejam geradas no dia da partida.
Um grupo de torcedores corais, inclusive, está organizando uma carreata cujo objetivo é "apoiar o Santa Cruz" antes do início da decisão. Para acertar os detalhes, foi criado até um grupo de Whatsapp. A movimentação é contrária ao que recomenda o Departamento de Marketing tricolor, através do diretor, Guilherme Leite.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, ele disse que o clube “vai recomendar fortemente que o torcedor não aglomere nos arredores nem na Beberibe (avenida na qual fica localizada a sede coral). Também não vamos abrir o clube. A loja (Cobra Coral) e a arrecadação funcionam normalmente, todos os dias, seguindo o protocolo, delimitando a quantidade de pessoas. Mas, assim como as arquibancadas vão estar fechadas, o clube também não vai ser aberto para nenhum tipo de aglomeração", alertou.
Questionado se o Santa Cruz estabeleceu alguma frente de contato com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), órgão que monitora e estabelece o controle da movimentação nos arredores dos estádios em dia de jogo, Leite citou a realização de alguns encontros do clube com a Polícia Militar, inclusive, para destrinchar como será a colocação de bandeiras e faixas da torcida nos aposentos do Arruda.
No momento em que o Brasil ultrapassa a marca de 2,5 milhões de infectados pela Covid-19 e enquanto Pernambuco contabiliza quase 100 mil diagnósticos da doença, um pedido passa a ser mais do que necessário. “Que o torcedor comemore de casa. Que apoie o time antes dos jogos através da aquisição dos ingressos virtuais, produtos de loja, bonecos, pagando sua mensalidade de sócio. Todas essas formas de compra, que o torcedor não precisa estar presencialmente dentro do estádio, ajuda muito o clube. É o que a gente pode fazer nesse momento. Infelizmente, precisamos torcer longe do Arruda. Se o resultado for o título, que o torcedor comemore de casa”, enfatizou Guilherme Leite.
Consultada, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) disse que Polícia Militar "ainda está fechando o planejamento de segurança para a final do Campeonato Pernambucano”, sem dar mais detalhes sobre o efetivo e a logística que será aplicada para conter eventuais focos de aglomeração nas proximidades do José do Rego Maciel.
Já o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, disse que, em caso de aglomeração, o clube não pode ser punido pela FPF, mas pelo Estado. Não deu, contudo, maiores detalhes.