Coronavírus suspendeu 6.000 shows por mês no Brasil, calcula Ecad
Em razão da pandemia do coronavírus, as associações de música e Ecad fazem nova ação para garantir pagamentos a artistas e compositores
Com a imposição do distanciamento social como medida preventiva do contágio do coronavírus, o setor cultural vem sofrendo com uma crise sem precedentes. O Ecad (Escritório de Arrecadação e Distribuição de direitos autorais) constatou a suspensão de mais de 6 mil eventos mensais somente desde março deste ano, quando a pandemia explodiu no Brasil. Esse dado indica queda nos rendimentos em toda a indústria do entretenimento.
Tendo em vista esse panorama, as associações que administram o Ecad e formam a gestão coletiva da música no Brasil – Abramus, Amar, Assim, Sbacem, Sicam, Socinpro e UBC – decidiram oferecer um desconto temporário, até dezembro de 2021, no pagamento de direitos autorais de obras musicais, lítero-musicais e fonogramas. A iniciativa visa contribuir com a retomada do mercado de shows, área esfacelada pela pandemia.
Os dados se referem apenas aos shows legalizados e registrados, que por isso recolheriam as porcentagens referentes a direitos autorais e de execução. Existem práticas “clandestinas” por todo o país.
A suspensão de shows prejudicou toda a cadeia do setor. Desde aqueles nomes gigantes como Roberto Carlos e Ivete Sangalo, a shows de bandas “covers” e intérpretes em bares, restaurantes e boates.
Em Pernambuco não foi diferente, a área de entretenimento sofre com as agruras da pandemia e busca alternativas para se manter atuante. “A pandemia afetou todos os seguimentos. A questão com a produção de eventos complica mais, porque além de ser o último seguimento a voltar a funcionar é o trade que menos tem apoio dos governos”, declarou Luma Araújo, produtora de eventos.
De acordo com Luma, embora a situação esteja difícil existe trabalho para revertê-la. “A classe artística brasileira é muito criativa e está sempre arrumando uma forma de levar conforto para a população através do entretenimento. Um exemplo, é o coletivo Projetemos, do VJ pernambucano Mozart Santos que criou uma a rede internacional de projeção agregando várias tecnologias e arte. Essas projeções tornaram-se ferramenta revolucionária onde artistas e produtores culturais continuam trabalhando sem precisar realizar aglomerações”, disse.
Essa é a segunda ação de impacto do Ecad para minimizar as dificuldades dos artistas e compositores diante da pandemia que assola o país e da queda de arrecadação nos últimos meses. Em abril, o órgão já tinha anunciado a antecipação do pagamento de R$ 14 milhões a artistas e compositores de baixa renda.
Confira os critérios para os descontos, válidos já a partir desse mês:
- Será concedido um desconto de 50% nos licenciamentos que considerem os percentuais sobre a receita bruta ou custo musical, passando de 10% para 5% (música ao vivo) e de 15% para 7,5% (música mecânica);
- Terão direito a essa redução os clientes que estiverem em dia com o pagamento de direitos autorais;
- Os shows e eventos em caráter beneficente recebem mais 30% de desconto, passando de 5% para 3,5% (música ao vivo) e de 7,5% para 5,25% (música mecânica);
- No caso de shows de caráter religioso e ingresso com direito a bufê e/ou open bar e para os promotores que disponibilizarem acesso on-line ao borderô de bilheteria via “ticketeira”, oferecemos uma redução extra de 15%;
- Não será possível acumular o desconto de 50% para clientes permanentes e esse valor também não será aplicado a determinados festivais de música e congêneres a partir de valores que estão estipulados nesta ação.