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Doria se solidariza com secretário preso e o avalia como dentro das expectativas

A operação de quinta (6), batizada de Dardanários, é um desdobramento de investigações da Lava Jato fluminense que apuram desvios na saúde

Alexandre Baldy e João Dória, governador do estado de São Paulo - Divulgação/SECOM-SP

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), elogiou nesta sexta-feira (7) a atuação de Alexandre Baldy (PP), seu secretário dos Transportes Metropolitanos preso em operação da Polícia Federal, e disse ser solidário à família dele.

"Lamento o ocorrido e me solidarizo com ele e sua família, mas quero lembrar que nenhum [fato investigado é] relacionado ao estado de São Paulo", afirmou o governador.

Baldy pediu afastamento do cargo por um mês, para se defender. Ele foi alvo de um dos seis mandados de prisão temporária expedidos pela 7ª Vara Federal do Rio, comandada pelo juiz Marcelo Bretas.

A operação de quinta (6), batizada de Dardanários, é um desdobramento de investigações da Lava Jato fluminense que apuram desvios na saúde. As suspeitas que motivaram a prisão de Baldy são de período anterior à nomeação dele ao Governo de São Paulo -ele foi deputado federal por Goiás e ministro das Cidades no governo Michel Temer (MDB).

 



Doria disse avaliar a gestão de Baldy na Secretaria de Transportes Metropolitanos como "correta, dinâmica e dentro das expectativas".

"Ele saberá fazer a sua defesa e apresentar seus documentos e com certeza o fará e muito bem", completou, afirmando que confia na Justiça.

Segundo o Ministério Público Federal, Baldy é um dos investigados por um "esquema que apura pagamento de vantagens indevidas a organização criminosa que negociava e intermediava contratos em diversas áreas".

Na casa que Baldy mantém em Brasília os agentes federais apreenderam R$ 90 mil, guardados em dois cofres. Em outra residência do secretário, em Goiânia, a PF achou mais R$ 110 mil.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também tinha proximidade com Baldy, avaliou a prisão do secretário como "muito dura" e "um pouco arbitrária".

Ao ser questionado sobre a prisão do aliado, em uma entrevista ao canal do historiador Marco Antonio Villa no Youtube, Maia afirmou que ficou surpreso com a decisão.

"Fiquei surpreendido, claro. Não tinha nenhuma informação. Acho que a decisão é muito bruta, muito dura. Prender uma pessoa por causa de um fato de seis ou sete anos atrás me parece uma decisão, vamos dizer, um pouco arbitrária."

Além das prisões e buscas, o juiz Marcelo Bretas determinou o bloqueio de bens em valores que ultrapassam R$ 12 milhões.

De acordo com o Ministério Público Federal, a colaboração premiada de ex-diretores da entidade levou os investigadores a desvendar as irregularidades.

Foi identificado o pagamento de propina a agentes públicos que pudessem interceder em favor da Pró-Saúde em relação a pagamentos do contrato de gestão do Hurso (Hospital de Urgência da Região Sudoeste), em Goiânia (GO), que foi administrado pela Pró-Saúde de 2010 a 2017.

Como contrapartida, de acordo com o Ministério Público Federal, Baldy recebeu R$ 500 mil em espécie para sua campanha eleitoral, fora da contabilidade oficial.

Os gestores da entidade à época, segundo a apuração, instituíram um esquema de geração de caixa 2 na sede da Pró-Saúde, com o superfaturamento de contratos.

Maia afirmou que caberá ao Ministério Público investigar e à Justiça avaliar o caso, mas reforçou que a prisão por um fato que não ocorreu durante a gestão de Baldy na secretaria paulista é dura.

"Claro que toda vez que há um indício, todos nós temos a obrigação de nos defender, ir à Justiça. E o Ministério Público a obrigação de investigar, e a Justiça de julgar. Mas uma decisão de um fato que não tem nenhuma relação com o momento atual, até porque a lei diverge disso, de fato é uma decisão dura. Mas certamente o Baldy vai recorrer e vai fazer a sua defesa."

De acordo com a decisão do juiz Bretas, a partir das informações apresentadas pela Procuradoria da República no Rio de Janeiro, Baldy se "utilizou de seus cargos no Governo de Goiás e no governo federal para solicitar vantagens indevidas da OS Pró-saúde".

O magistrado afirmou ainda que relatórios de inteligência financeira apontam fortes indícios de que o secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo tenha utilizado a mulher e o sogro para dissimular capital de origem ilícita.

Bretas também mencionou a aquisição, em 2015, de um avião por Baldy e sua mulher "por meio de operações suspeitas de empréstimo" e a compra de uma casa em Brasília "pelo valor de R$ 7.600.000,00, cuja integralidade do pagamento não consta na declaração de Imposto de Renda nem de Baldy nem de sua cônjuge".