Economia

Comércio registra alta de 8% em junho e tem segundo mês seguido de recuperação

Ainda assim, fecha o primeiro semestre com o pior resultado desde 2016

Comércio na pandemia - Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Com a flexibilização do isolamento em grande parte do país, o comércio brasileiro teve o segundo mês consecutivo de alta em junho e já recuperou o patamar verificado em fevereiro, antes da pandemia. Ainda assim, fecha o primeiro semestre com o pior resultado desde 2016.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as vendas do varejo no país subiram 8%, após avanço recorde de 13,9% em maio. Com os dois meses de alta, o setor fechou o mês 0,1% acima do registrado em fevereiro. "Os resultados positivos eram esperados porque viemos de uma base de comparação muito baixa, que foi o mês de abril (-17%). Esse crescimento, então, foi praticamente generalizado, distribuído em quase todas as atividades", disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Santos ressalta que a recuperação foi puxada por poucas atividades: materiais de construção, móveis e supermercados. Há atividades ainda bem abaixo do nível de vendas pré-crise, como Tecidos, vestuários e calçados, que venderam em junho 45,8% a menos do que em fevereiro.



A única atividade que registrou queda no mês foi Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,7%), que não sofreu tanto os efeitos da pandemia. As maiores altas se deram em Livros, jornais, revistas e papelarias (69,1%), Tecidos, vestuário e calçados (53,2%), Móveis e eletrodomésticos (31%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (26,1%).

Na comparação com o mesmo perído do ano anterior, houve alta de 0,5%. Em 2020, o varejo acumula recuo de 3,1%. O chamado varejo ampliado, que inclui as vendas de automóveis, cresceu 12,6% em relação a maio, mas registra queda de 0,9% em relação a junho de 2019.

Junho marcou a reabertura do comércio de rua em São Paulo, principal mercado do país, medida que era vista pela indústria como uma das principais esperanças de retomada após o tombo recorde registrado no início da crise. Respondendo à retomada das vendas na ponta, a indústria registrou crescimento de 8,9% naquele mês, também o segundo mês consecutivo de alta. Principal motor da economia brasileira e ainda sem sinais de recuperação, o setor de serviços terá o resultado de junho divulgado nesta quinta (13).

Segundo o IBGE, vem caindo o número de empresas relatando impactos do isolamento social em seus negócios. Em junho, 32,9% das empresas que informaram variações na receita relacionaram o problema ao isolamento. Em abril, eram 63,1%. A recuperação não tem sido suficiente para melhorar o ambiente do mercado de trabalho brasileiro, que fechou o segundo trimestre com 8,9 milhões de vagas a menos, segundo informou o IBGE na semana passada. Foi a maior queda do número de brasileiros ocupados da história da pesquisa.

O desemprego subiu a 13,1%, mas a taxa ainda é distorcida pelo recorde de brasileiros que desistiram de procurar trabalho, seja por medo da pandemia, seja por acharem que não encontrarão vagas nas cidades onde vivem. Para economistas, sem esse recorde, a taxa hoje seria de 21,5%