Europa acelera restrições ante temor por segunda onda do coronavírus
Países estão em alerta e impõem novas restrições para tentar frear a propagação da pandemia
O temor cresce na Europa com a chegada de uma segunda onda de coronavírus e vários países, como França e Reino Unido, intensificaram, neste sábado (15), a imposição de novas restrições com o objetivo de frear a propagação da pandemia, que já superou 21 milhões de contágios no mundo.
O conjunto de medidas marca uma desaceleração abrupta no processo de flexibilização do confinamento iniciado em meados de maio em grande parte do Velho Continente, após a primeira onda letal de coronavírus que atingiu sobretudo Espanha, Itália, França e Reino Unido.
A prefeitura de Paris ampliou neste sábado o número de zonas da cidade com uso obrigatório de máscara, poucos dias depois de adotar pela primeira vez esta restrição que já estava em vigor em várias cidades europeias. "A circulação da Covid-19 em (região parisiense) Ile-de-France desacelerou fortemente após o fim do confinamento, mas, desde meados de julho, todos os indicadores mostram que o vírus circula novamente de maneira mais ativa na região: quase 600 pessoas testam positivo diariamente para Covid-19", afirmou a prefeitura ao justificar a medida.
A celebração de Nossa Senhora da Assunção, que reúne habitualmente 25 mil fiéis em Lourdes, no sudoeste da França, uma das peregrinações mais importantes da cristandade, acontece neste sábado com 10 mil pessoas, todas obrigadas a usar máscara.
Em consequência da nova onda de contágios na França, o Reino Unido passou a aplicar a partir deste sábado uma quarentena de 14 dias aos viajantes procedentes deste país, assim como da Holanda e Malta. A medida já estava em vigor para Espanha, Bélgica, Andorra e Bahamas.
Milhares de britânicos se apressaram nas últimas horas para retornar ao país. "Voltamos para casa para evitar (a quarentena) porque minha mulher trabalha e eu tenho que cuidar da nossa neta", disse à AFP Paul Trower, um aposentado que cancelou as férias e voltou de balsa de Calais, norte da França.
Na Espanha, com 3 mil infecções diárias nos últimos dois dias, o governo decretou na sexta-feira a proibição de cigarro nas ruas, exceto quando for possível observar a distância de segurança de dois metros, medida que já estava em vigor na Galícia e nas Canárias. Também foram fechadas discotecas, bares noturnos e outros locais. Os restaurantes e outros bares devem fechar as portas às 1h.
O aumento dos contágios não é acompanhado no momento por um crescimento no mesmo ritmo do número de mortos, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
América Latina supera 6 milhões de casos
O novo coronavírus matou mais de 760 mil pessoas em todo o planeta e mais de 21,2 milhões foram infectadas, segundo balanço mais recente da AFP com base em fontes oficiais. A região da América Latina e Caribe, a mais afetada pela doença, superou neste sábado a marca de seis milhões de casos, e também registra o maior número de mortos, com 237.791.
Nos últimos sete dias, quase metade das mortes no mundo por Covid-19 aconteceram na América Latina e Caribe (21.900 óbitos dos 44.400 registrados a nível global).
No Brasil, o país da região mais afetado, com 106.500 vítimas fatais e mais de 3,2 milhões de casos, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que minimizou a doença e depois contraiu COVID-19, registra os melhores índices desde sua chegada ao poder, com uma forte aprovação entre os beneficiários dos auxílios para enfrentar a pandemia.
Uma pesquisa Datafolha mostra que o índice de aprovação do presidente subiu cinco pontos percentuais desde junho, de 32% a 37%, enquanto a rejeição caiu de 44% a 34%.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, ampliou o isolamento social até 30 de agosto, com alguma flexibilidade em Buenos Aires e mais rigor nas províncias em que o vírus está em aceleração.
O Equador, que se aproxima de 100 mil casos de coronavírus, prorrogou até 13 de setembro o estado de exceção em vigor desde março.
O governo dos Estados Unidos, país com o balanço mais grave da doença (mais de 167.200 mortos e mais de 5,2 milhões de casos), anunciou a manutenção das restrições para as viagens não essenciais em suas fronteiras com o México e o Canadá até 21 de setembro.
A esperança de uma vacina
Na Ásia, a Coreia do Sul reforçou as restrições em Seul e seus arredores, no momento em que o país registra o maior número diário de novas infecções em mais de cinco meses. Nas últimas 24 horas foram registrados 166 novos casos, o maior número desde o início de março, o que eleva o total do país a 15.039 contágios e 305 mortes.
A Nova Zelândia, elogiada pela resposta à primeira onda, prologou até 26 de agosto o confinamento em Auckland para frear os novos focos. Diante de um vírus que não dá trégua, a esperança passa por uma vacina.
Na América Latina, Argentina e México anunciaram durante a semana um acordo para produzir a vacina em estudo pelo laboratório AztraZeneca e a Universidade de Oxford. O Brasil não integra o projeto por ter os próprios acordos com laboratórios e universidades.
O governo dos Estados Unidos, que investiu mais de 10 bilhões de dólares em seis projetos de vacinas e assinou contratos que garantem a entrega de centenas de milhões de doses em caso de êxito, prometeu vacinar os americanos de maneira gratuita.