Coronavírus

No comércio do Recife, clientes desrespeitam decreto e dispensam uso correto de máscaras

Embora tenha obrigatoriedade por decreto estadual, transeuntes do Mercado de São José, no Centro do Recife, ainda não utilizam a máscara no espaço público

Transeuntes desrespeitam decreto e não usam máscaras - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Após dois meses de implementação do Plano de Monitoramento e Convivência com Covid-19 em Pernambuco, que avança conforme a pandemia diminui no Estado, parte dos consumidores ainda não respeita a utilização do uso de máscaras no comércio. Segundo decreto estadual, em lei assinada pelo governador Paulo Câmara em 31 de julho, o item é obrigatório nos espaços públicos. Comerciantes do Mercado de São José, no Centro, e do Mercado de Afogados, na Zona Oeste, reclamam da falta de consciência dos clientes que chegam aos locais. No Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa), transeuntes e comerciantes não respeitam as recomendações sanitárias.

Enquanto o movimento ainda não se recupera por causa da pandemia, os clientes que passam pelo Mercado de São José, no bairro homônimo, insistem em não utilizar as recomendações sanitárias. Grupos de pessoas fazendo compras em conjunto, clientes sem usar a máscara e o desrespeito ao distanciamento social são barreiras enfrentadas pelos vendedores que atuam no local. “As pessoas tão relaxando pelo fato de que a pandemia está diminuindo. Mas elas não entendem que a pandemia está diminuindo por causa do uso das máscaras”, diz o vendedor Ubiratan Falcão, de 55 anos, que atua no mercado junto ao irmão.

O comerciante explica que esta é a realidade desde que o mercado voltou a funcionar normalmente, mas que tenta fazer a prevenção de contaminação, fazendo a orientação do uso correto da máscara quando os clientes chegam ao box. "Se o cliente chega sem a máscara ou com ela no queixo ou no braço, que é muito comum, nós orientamos a colocar corretamente. Aqui ainda aplico o álcool e mantenho o distanciamento social permitido para que haja segurança", argumenta Ubiratan Falcão.

 
No Mercado de Afogados a situação não é diferente. Apesar de contar com seguranças na entrada, os transeuntes driblam a segurança e entram sem máscara no espaço nas entradas onde não há fiscalização. “O povo está pensando que acabou. Chega aqui sem máscara, desrespeitando distância e até confusão dá aqui. Anteontem, chegou um cliente aqui e ficou chateado porque reclamei que ele estava sem máscara. A fiscalização fica no portão central, mas as pessoas barradas fazem a volta e entram pela entrada de trás ou pelas laterais”, conta o comerciante Alexsandro Paulino, 41, que tenta reforçar a limpeza com o álcool em gel aos clientes. 

O infectologista da Interne Soluções em Saúde, Raphael dos Anjos, traz um alerta às pessoas que insistem em não seguir os protocolos de segurança sanitária. "Muitas pessoas não estão percebendo que a pandemia não acabou. Se a gente ficar frouxo com os cuidados, nós teremos uma nova onda, deixando o sistema de saúde em total colapso. É importante continuar com o distanciamento, além de higienizar as mãos periodicamente, utilizando água e sabão", explica. 
 
O profissional também ressalta a importância de um acessório fundamental. "As pessoas também precisam usar bem a máscara. Ela não pode ficar abaixo do queixo ou acima do nariz. Precisa cobrir essas partes. Também não adianta mexer na máscara com a mão contaminada. Aí, no lugar de ser um mecanismo de proteção, o material será um mecanismo de contaminação. Reforçamos que isso não é apenas para proteção individual, mas sim para toda a sociedade. Quem tem empreendimento, comércio, precisa exigir o uso da máscara e proibir a entrada de quem não estiver utilizando", afirmou.
 
Procurada pela Folha de Pernambuco, a Autarquia de Serviços Urbanos (CSURB) da Prefeitura do Recife diz que fixou faixas nas entradas dos prédios para alertar aos frequentadores sobre a importância de seguir as regras sanitárias. Além disso, o órgão explicou que "tem feito, diariamente, fiscalização sistemática". "Os comerciantes, inclusive, foram informados da exigência do uso de máscara para se protegerem e orientados para só realizarem o atendimento aos clientes que também estiverem usando o item de segurança", disse em nota.
 
A CSURB afirm ainda que a determinação é para que, uma vez identificados os usurários que optam em não usar a proteção, sejam alertados sobre a obrigatoriedade. Caso o frequentador insista em descumprir a regra, ele deve ser orientado a deixar o mercado. "É importante frisar que, além do trabalho insistente da administração dos mercados, a população tem papel fundamental e precisa ser consciente da importância da proteção no controle do contágio da Covid-19 na Capital pernambucana", completa.

Ceasa

Se nos mercados públicos do Recife os clientes descumprem os decretos, no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa), onde circulam 60 mil pessoas diariamente, vendedores e consumidores estão em uma rotina com ares de normalidade. No setor de vendas de hortifruti, os atendentes faziam o trabalho sem máscara, não havia a distância necessária e poucos balcões eram vistos com recipientes de álcool.

“O Ceasa, desde o início da pandemia, reforçou a segurança nos mercados e nos galpões para que fosse cumprido a determinação do uso obrigatório da máscara. Só se entra no Ceasa utilizando a máscara.”, diz a assessoria de imprensa do Centro, que enfatizou a utilização da conscientização e fiscalização das pessoas. Em relação aos permissionários, a comunicação afirmou que eles podem ser notificados ou até perder o ponto em caso de descumprimento das medidas.