Coronavírus

Pernambuco é o estado que, percentualmente, menos realizou teste para Covid-19

De acordo com o secretário de Saúde, André Longo, o Estado priorizou os testes do tipo RT-PCR, considerado por todos os especialistas como padrão-ouro para detecção do novo coronavírus.

Testes - Roque de Sá/ Agência Senado

Em Pernambuco, 394 mil pessoas (4,1% da população) fizeram algum tipo de teste para detectar Covid-19 do início da pandemia até o mês de julho. O dado, divulgado nesta quinta-feira (20) pela PNAD Covid - faz parte das Estatísticas Experimentais do IBGE e tem apoio do Ministério da Saúde -, coloca o Estado, que tem população estimada de 9,5 milhões de pessoas, com a menor porcentagem do País. Das pessoas testadas, 92 mil, ou seja, aproximadamente 1% da população, tiveram resultado positivo. No Brasil, 6,3% da população fez teste para detectar o vírus.

Com uma população de cerca de 2,57 milhões, o Distrito Federal é o que mais testa, com 16,6% dos moradores testados para a Covid-19. O DF é seguido pelo Amapá, com 11% da população testada. Minas Gerais, Paraná e o Rio Grande do Sul empatam, com 4,5% da população testada. Pernambuco ocupa uma posição única, com 4,1% .

Mais bem posicionado no ranking na região Nordeste e com cerca de 3,1 milhões de habitantes, o Piauí tem o percentual de 10,5%, índice que o coloca na terceira posição no País. Estado mais populoso brasileiro, São Paulo, com cerca de 44 milhões de habitantes, ostenta o índice de 6,7%. 

De acordo com o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, o Estado priorizou os testes do tipo RT-PCR, considerado por todos os especialistas como padrão-ouro para detecção do novo coronavírus. No início da pandemia, considerando a escassez de testes em todo o mundo, foram priorizados os casos mais graves e óbitos suspeitos em Pernambuco. Contudo os testes agora podem ser realizados por qualquer pessoa com sintomas gripais, mesmo que leves.

André Longo informou que o Estado figura em sexto lugar do país com relação à testagem usando o método RT-PCR. "Ao contrário dos testes rápidos, que têm sensibilidade reduzida e detectam a atividade sorológica, portanto pacientes na fase final da doença ou até mesmo já curados, o RT-PCR detecta a atividade viral em sua fase mais aguda, ou seja, quando a carga de transmissão do paciente está mais alta", explicou Longo. 

Considerando o tipo de teste, das 394 mil pessoas analisadas em Pernambuco, 121 mil realizaram o swab (RT-PCR), ou seja, com cotonete na boca e no nariz, e 39 mil (32,6%) tiveram resultado positivo; 149 mil fizeram o teste rápido com coleta de sangue através de furo do dedo e 25 mil (16,8%) testaram positivo; enquanto 150 mil fizeram o teste de sangue com Covid por meio de veia no braço, sendo 37 mil (24,7%) com Covid-19 confirmada. Uma pessoa pode ter feito mais de um tipo de teste.

"Pernambuco, de fato, fez menos testes rápidos que outros estados. Nós não apostamos na compra de testes rápidos. Essa testagem rápida ficou a cargo dos municípios. O Estado, como gestor da média e alta complexidade, sempre se preocupou com os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e fez testagem desde o início desses casos", informou André Longo. O secretário destacou que a pesquisa do IBGE tem um caráter experimental e deve se basear em dados abertos divulgados pelo Ministério da Saúde. 
 


 

Perfil
Segundo a PNAD Covid, com a inclusão dos testes de coronavírus como tema da pesquisa, é possível traçar um perfil dos pernambucanos que procuraram saber se estavam infectados. Quando se considera a faixa de renda das pessoas testadas, 32% delas ganham de meio a menos de um salário mínimo, seguidas por pessoas com rendimento entre um e dois salários mínimos (26,2%), menos de meio salário mínimo (19,4%), dois a quatro salários mínimos (12,9%) e mais de quatro salários mínimos (9,5%).

No Estado, as pessoas do sexo feminino foram mais testadas: 205 mil mulheres contra 189 mil homens. A distribuição das pessoas infectadas nesta categoria foi equilibrada, com 46 mil positivados (50%) para cada sexo.

Das quase 400 mil pessoas que afirmaram ter feito o teste, 58,6%, ou seja, 231 mil pessoas, se identificam como preta ou parda. Elas também são 60,8% dos 92 mil infectados, totalizando 56 mil pessoas. Os brancos, por sua vez, totalizam 156 mil testados e 34 mil com resultado positivo para Covid.

No recorte por idade, a maior quantidade de pernambucanos testados está em idade de trabalhar - 242 mil pessoas de 30 a 59 anos, seguidas por 68 mil habitantes do estado na faixa etária de 20 a 29 anos. Entre as pessoas de 60 anos ou mais, 45 mil também realizaram testes para detectar o coronavírus, e 12 mil (30%) tiveram resultado positivo.

O maior percentual de pessoas que foram testadas está concentrado entre as com maior nível de instrução. Dos que foram testados, 35,4% têm ensino médio completo ou superior incompleto, seguidos por pernambucanos com superior completo ou pós-graduação (31%), por quem não tem instrução ou possui o ensino fundamental completo (23,1%) e por quem tem fundamental completo e médio incompleto (10,5%). Dos que testaram positivo, o maior percentual é o de pessoas com ensino superior completo (33,5%), acompanhado de perto por quem tem o ensino médio completo ou superior incompleto (32,7%).

Em julho, na população pernambucana, estimada em 9,5 milhões de pessoas, havia 1,9 milhão (20,6% do total) com alguma comorbidade, sendo a hipertensão a mais frequente, presente em 12,9% dos habitantes do Estado. As demais prevalências foram diabetes (4,9%), asma, bronquite ou enfisema (4,5%), depressão (2,2%), doenças do coração (2,1%) e câncer (0,7%). Entre as pessoas que afirmaram ter alguma dessas doenças crônicas, 32 mil (1,6% do total) testaram positivo para Covid.