Coronavírus

Hospital das Clínicas da UFPE faz pesquisa dos sintomas neurológicos causados pela Covid-19

Resultado parcial aponta que 64% dos pacientes pesquisados têm dor de cabeça contínua por pelo menos 15 dias

Hospital das Clínicas da UFPE - Arthur de Souza

A perda ou diminuição do olfato e paladar, assim como a dor de cabeça, são sintomas neurológicos registrados por boa parte das pessoas com a Covid-19. Esses sintomas e outros mais graves são alvos de uma pesquisa desenvolvida pelo Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para identificar como a doença se manifesta no cérebro. 

Iniciada em abril, a pesquisa segue em fase de coleta de dados e deve ser concluída em outubro. O médico neurologista Pedro Augusto Sampaio, responsável pela pesquisa e professor da UFPE, usa dados de quatro unidades hospitalares do Recife: o HC, o Oswaldo Cruz, o Imip e o Real Português. Dessas unidades, são coletados prontuários de pacientes para análise dos sintomas apresentados. 

“Num levantamento parcial, percebemos algumas manifestações neurológicas importantes no paciente com a Covid-19: 64% dos pacientes apresentaram dor de cabeça, com 15% deles tendo a forma contínua (por 15 dias ou mais). Tenho uma paciente no consultório que se queixa de dor de cabeça há três meses. Já as alterações (diminuição ou perda) do paladar afetaram 40% das pessoas, enquanto as alterações do olfato atingiram 38%”, enumerou o pesquisador Pedro Sampaio.

Além das manifestações "comuns" para casos leves da Covid-19, a pesquisa analisa também casos de confusão mental, sonolência e Acidente Vascular Cerebral (AVC). A revista científica EclinicalMedicine publicou, no fim de junho, um artigo sobre o acúmulo de coágulos nos vasos sanguíneos menores dos pulmões, coração, rins e fígado. Em diversos países, pesquisas indicam complicações vasculares, como a trombose, intensificadas ou causadas pela Covid-19. 

“O novo coronavírus pode provocar danos ao endotélio (camada celular que reveste o interior dos vasos) e parece aumentar o risco de Acidente Vascular Cerebral e de formar outras manifestações neurológicas graves”, exemplificou o professor Pedro Sampaio.