Estados Unidos

Confrontos entre antirracistas e seguidores de Trump terminam com um morto nos EUA

Portland é o epicentro dos protestos do movimento Black Lives Matter desde que a polícia matou em maio um cidadão negro desarmado, George Floyd, em Minnesota

Protesto termina em morte em Portland - Nathan Howard/Getty Images via AFP

Uma pessoa morreu, no sábado (29), em Portland, em Oregon, nos Estados Unidos, em um tiroteio após confrontos entre manifestantes antirracistas e seguidores do presidente americano Donald Trump, informou a polícia. Os protestos de combate ao racismo, que se multiplicam por cidades americanas, se tornaram um tema explosivo na campanha para as eleições presidenciais de novembro. Enquanto Trump se apresenta como a opção da "lei e ordem", desqualifica o concorrente, Joe Biden, como incapaz de combater o crime. 

Portland é o epicentro dos protestos do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) desde que a polícia matou em maio um cidadão negro desarmado, George Floyd, em Minnesota. 

 

Depois de Floyd em Minnesota, a ira do movimento antirracista foi novamente inflamada há uma semana, após a morte de Jacob Blake, em Wisconsin, um homem negro de 29 anos que recebeu vários tiros de um policial que tentava prendê-lo. Embora tenha sobrevivido, Blake pode ficar paralítico. 

De acordo com a imprensa local, "caravanas de centenas de automóveis" com seguidores de Trump a bordo seguiram no sábado para Portland.

Agentes responderam aos alertas de violência e "localizaram uma vítima com um ferimento de bala no peito. Os serviços médicos de emergência constataram a morte", explica um comunicado divulgado pelo departamento de polícia.

De acordo com a imprensa local, vários confrontos e momentos de tensão foram registrados entre os grupos. A polícia não informou se o tiroteio que matou uma pessoa está vinculado às manifestações. "Aconteceram atos de violência entre manifestantes e contramanifestantes. A polícia atuou e aconteceram algumas detenções", afirmou a força de segurança no Twitter. Depois, informaram que uma dezena de pessoas foi presa, sem detalhar se eram simpatizantes de Trump ou opositores. Uma investigação por homicídio foi aberta.

O fato ocorreu depois que foram registradas outras duas mortes em protestos em Kenosha, em uma manifestação pelo caso Blake. Lá, autoridades prenderam uma jovem de 17 anos, que suspeitam de ter atirado, matando dois homens e ferindo um outro. 

"Demagogia"
O movimento antirracista está presente na  campanha presidencial dos EUA. Segundo o New York Times, Biden, que condenou os protestos violentos, deve fazer um discurso na segunda-feira comentando que "surgiu um caos" sob o olhar de Trump. 

Em entrevista ao MSNBC na semana passada, o candidato democrata disse que Trump estava "incentivando a violência" e "atear gasolina no fogo", considerando algo útil para sua reeleição.

Neste domingo, Trump tuitou e retuitou dezenas de mensagens sobre a suposta violência em cidades governadas por democratas, especialmente Portland.

O presidente atacou o prefeito Ted Wheeler por recusar a ajuda da Guarda Nacional, que segundo Trump "poderia resolver os problemas em menos de uma hora".

"Wheeler é incompetente, assim como o sonolento Joe Biden", escreveu Trump, em referência ao rival democrata na eleição presidencial de novembro. "Isto não é o que nosso grande país deseja. Quer segurança e não que a polícia tenha o financiamento retirado".

Wheeler divulgou na sexta-feira uma carta aberta a Trump na qual criticava a "política de divisão e demagogia" do presidente.

O prefeito enviou uma dura mensagem ao presidente: "Já vimos seu imprudente desprezo pela vida humana em sua vergonhosa resposta à pandemia da covid", escreveu. E acrescentou: "Sabemos que chegou à conclusão de que imagens de violência ou vandalismo são suas únicas cartas na manga para a reeleição".

O prefeito também descreveu os manifestantes que atuaram de forma pacífica como parte de "uma orgulhosa tradição progressista" em Portland, ao mesmo tempo que condenou a violência e o vandalismo.