Tênis

US Open adaptado para tempos de Covid-19 cria desafios extras

Seis brasileiros disputarão a competição

Djokovic chegou ao seu 17º título de Grand Slam - AFP

O US Open, primeiro Grand Slam a ser realizado desde a interrupção da temporada de tênis devido à pandemia do novo coronavírus, começa nesta segunda-feira (31) com desafios adicionais para todos os atletas. O torneio em Nova York -exibido no Brasil por ESPN e SporTV- será realizado sem público e com muitas mudanças provocadas pela pandemia.

Os tenistas passam por exames para detectar infecção pelo novo coronavírus frequentemente e têm movimentação limitada, ainda que nem todos estejam hospedados no mesmo local, como acontece na "bolha" da NBA. Muitos já estão restritos ao circuito hotel-quadra-hotel há semanas, já que o torneio de Cincinnati, encerrado sábado (29), foi transferido para o complexo do US Open para evitar mais deslocamentos.

Seis brasileiros disputarão a competição. Na chave masculina de simples, Thiago Monteiro, 26, e Thiago Wild, 20, serão os representantes do país. As maiores chances, porém, estão novamente com os duplistas. Marcelo Melo, 36, Bruno Soares, 38, Marcelo Demoliner, 31, e Luisa Stefani, 23, todos com parceiros estrangeiros, esperam ir longe.

Soares, ganhador de dois Slams na carreira e hoje na 25ª posição do ranking, diz que recuperar o ritmo de jogo aos 38 anos após uma pausa de cinco meses nos torneios não é fácil. Por outro lado, a interrupção do circuito proporcionou um período de treinamentos e preparação inédito na carreira de alguém que desde os 15 anos está viajando o mundo para competir.

"Como minha mãe e meu pai comentaram, desde quando comecei no tênis, nunca fiquei tanto tempo seguido em casa. Essa pandemia deixou o mundo de cabeça para baixo. Se a gente focar muito nos [aspectos] negativos [do isolamento], acaba levando a parte mental pro buraco", concorda Marcelo Melo, também vencedor de dois Slams e ex-número 1 do mundo nas duplas (hoje é o quinto colocado).

Enquanto alguns nomes ilustres das chaves de simples, como Rafael Nadal (atual campeão), Stan Wawrinka, Ashleigh Barty e Simona Halep preferiram não disputar o torneio -Roger Federer se recupera de cirurgia e também está fora-, os brasileiros dizem que a adaptação aos novos procedimentos de segurança não tem sido difícil.

Os atletas não podem se cumprimentar ou cobrir a boca com a bolinha enquanto falam, gesto comum entre os duplistas para não revelar aos adversários suas estratégias. Nos intervalos, os tenistas têm de sentar distantes uns dos outros, e os boleiros não entregam toalhas ou garrafas de água aos jogadores.

O mais estranho para eles é a falta de torcida no complexo Billie Jean King, tanto dentro de quadra quanto nos espaços normalmente destinados ao público. O torneio ostenta o maior palco de tênis do mundo, o Arthur Ashe Stadium, com capacidade para quase 24 mil espectadores.

Luisa Stefani, que já ganhou um torneio ao lado da parceira Harley Carter na volta do esporte e está em alta na carreira, na 39ª posição do ranking feminino, afirma que o surto de Covid-19 no torneio organizado por Novak Djokovic em junho foi uma lição.

"Vamos errar ainda e aprender com os erros. Aquele torneio foi importante para ver que não era hora de realizar algo com torcida, muita gente e aglomeração", concorda Soares, membro do conselho de jogadores da ATP (Associação de Tenistas Profissionais).