Em carta a Maia, Google diz que incluir sites de busca em projeto não irá deter fake news
O documento foi uma resposta da empresa à carta enviada a Maia por entidades de comunicação social
O Google enviou nesta segunda-feira (31) uma carta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmando que a inclusão de mecanismos de buscas no projeto para combater notícias falsas não será efetivo.
O documento foi uma resposta da empresa à carta enviada a Maia por entidades de comunicação social. Na texto, a coalizão de entidades pedia apoio a medidas de combate às fake news e a inclusão dos buscadores no projeto de lei em debate na Câmara.
Segundo a mensagem encaminhada pelo Google, colocar os mecanismos de busca na proposta não vai atender à ideia de coibir condutas mal-intencionadas e distribuição de notícias falsas na internet.
"Ao contrário, isso poderia ser prejudicial ao combate à desinformação ao limitar acesso a uma variedade de fontes de informação. Além disso, consideramos que simplesmente incluir as ferramentas de busca no projeto de lei, sem a devida consideração do conjunto de ações concretas que temos realizado para combater a desinformação em todas as nossas plataformas, poderia fazer com que a futura lei já nascesse obsoleta."
Já para as 27 entidades que compõem a coalizão, não incluir os buscadores no projeto seria cometer um erro "não apenas ao omitir as ferramentas de busca que coletam dados, veiculam anúncios e conteúdos de toda sorte, mas engessam a lei para serviços futuros, como assistentes virtuais".
Entre as signatárias do documento estão a ANJ (Associação Nacional de Jornais), a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), a Fenajore (Federação Nacional das Empresas de Jornais e Revistas) e a Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão).
Outro pedido da coalizão foi a garantia de remuneração de conteúdos jornalísticos. Para as entidades, a remuneração de conteúdo "incorporado e rentabilizado, seja com publicidade ou coleta de dados pessoais" é um encaminhamento já praticado em países da Europa e da Oceania.
"Obviamente, não se quer obstaculizar o usuário de compartilhamentos de notícias, que é desejável até para promover a circulação das informações apuradas e tratadas com critérios jornalísticos. A importante garantia de remuneração do jornalismo profissional pelo seu conteúdo que é incorporado e rentabilizado, seja com publicidade ou coleta de dados pessoais, serve de motor de engajamento das grandes plataformas mundiais", diz a carta das entidades de comunicação.
O Google, entretanto, nega que lucre grandes montantes com a prática. Segundo a empresa, "o valor econômico gerado pelos conteúdos de notícias para o Google é muito pequeno". O Google afirma ainda que direciona cerca de 24 bilhões de cliques por mês para sites de notícias pelo mundo.
"Em resumo, as empresas de notícias acessam um volume sem precedentes de leitores, uma audiência que elas podem monetizar por meio da exibição de anúncios em seus sites, além de alcançar novos leitores e assinantes em potencial".
Além de contestar o lucro, o Google também afirmou que é claro em relatórios de transparência sobre remoção de anúncios. A coalizão de entidades de comunicação social destacou o movimento Sleeping Giants, que resultou em empresas retirando investimentos em publicidade nas plataformas do Google por falta de clareza nas políticas de publicação e remoção de conteúdos sensíveis.
Em 2019, afirma o Google, o relatório de transparência das plataformas de anúncios indicou que foram bloqueados e removidos 2,7 bilhões de anúncios em todo o mundo.