Associação condena espancamento de jornalistas na Bulgária
Violência aconteceu durante protestos, que já deixaram 80 pessoas feridas e 126 presas
A Associação de Jornalistas Europeus na Bulgária divulgou, nesta quinta (3), um manifesto contra a repressão policial que atingiu repórteres na quarta (2), durante a cobertura de protestos em Sófia, capital do país. O ato, o maior desde que começaram as manifestações, há 57 dias, deixou cerca de 80 feridos e 126 presos, segundo o governo.
Jornalistas fazem parte dos dois grupos, embora, segundo a associação, estivessem a trabalho, identificados e credenciados. Milhares de pessoas cercaram a Assembleia Nacional para pedir a renúncia do primeiro-ministro, Boiko Borisov, acusado de permitir o crescimento da corrupção no país.
Houve confronto quando manifestantes tentaram romper o cordão formado pela tropa de choque em volta do edifício e ao final da tarde, quando tentaram impedir a saída dos parlamentares. Os oposicionistas jogaram ovos, tomates, maçãs e pedras, entre outros objetos, e a polícia reagiu com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
Segundo a AJE, um jornalista foi algemado e espancado pela polícia à noite, quando as tensões entre os manifestantes e a polícia aumentaram. "O repórter usava uma máscara com a inscrição "imprensa" e mostrou à polícia sua credencial. Os oficiais ignoraram seus apelos de que não conseguia respirar e chutaram brutalmente sua cabeça", afirmou a entidade, em comunicado.
Um repórter-fotográfico da agência de notícias France Presse também foi espancado com golpes de cassetetes nas costas e teve seu equipamento danificado. O Ministério do Interior, responsável pela área de segurança, afirmou que a polícia foi atacada com cadeiras, pedras, garrafas, bancos, patinetes, bicicletas, placas de trânsito e bandeiras, e que os manifestantes também usaram spray de pimenta contra os agentes.
Segundo o ministério, 62 das 126 pessoas detidas tinham ficha policial. Jornalistas também têm sido alvo de espancamento e prisões na Belarus, onde manifestações pedem a renúncia do ditador Alexandr Lukachenko.
Mais de 70 já foram presos e vários denunciaram tortura durante a repressão do governo aos protestos, que ocorrem desde as eleições consideradas fraudadas, em 9 de agosto.
Nesta quinta, um apresentador de TV detido ontem foi condenado há 10 dias de prisão por "participar de evento não autorizado". Seu advogado não foi avisado sobre o processo, segundo jornalistas bielorrussos.
Outros sete jornalistas que cobriam manifestações na terça ficaram detidos, apesar de estarem também identificados e credenciados. Um deles foi processado por ter "incentivado os manifestantes e coordenado protestos", e ao menos dois estão detidos há dois dias.