Pagamentos

Pix: a transformação dos pagamentos no Brasil

Novo sistema de pagamento instantâneo do Banco Central entra em vigor em novembro, tendo a tecnologia e velocidade das transações como grandes apostas para aumentar competitividade entre os bancos e fintechs

Maquininha de cartão - Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Pix, novo sistema brasileiro de pagamento instantâneo e transferências do Banco Central promete revolucionar o sistema bancário brasileiro, aumentando a concorrência entre as fintechs (startups de serviços financeiros) e os grandes bancos. O sistema deve entrar em funcionamento a partir do dia 16 de novembro, mas ainda não foi informado se uma nova Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) será aplicada, já que uma das propostas do sistema é de um baixo custo ao cliente. 

O recurso tem a proposta de alterar a forma como as pessoas pagam contas e fazem compras, eliminando a necessidade de dinheiro ou cartão. Entre as vantagens do sistema está a possibilidade de se usar apenas o número de um celular, ou nome completo ou o Cadastro de Pessoa Física (CPF). Para fazer uma transferência por meio do Pix não será preciso reunir informações como conta e agência bancária, CPF e nome completo. 

Quando em operação de forma oficial, todos os bancos e fintechs com mais de 500 mil contas ativas vão precisar se adequar para poder oferecer o serviço aos clientes. Para aderir ao novo sistema de pagamento, os interessados devem procurar o banco em que são clientes, informar os dados necessários e utilizar o Pix por meio do aplicativo. Já a partir do dia 5 de outubro, os usuários poderão ter acesso às chaves de endereçamento. 

O grande diferencial do novo sistema do Banco Central está na velocidade e disponibilidade, em comparação com as modalidades de transferências disponíveis hoje, como TED e DOC, que tem restrições quanto a horários e dias, quantias transferidas. O Pix promete revolucionar esse meio por permitir que as transações sejam realizadas em poucos segundos e em qualquer dia e horário. 

Segundo o mestre em economia e diretor da Cedepe Business School, Tiago Monteiro, ainda é cedo para saber se o Pix brasileiro vai ter sucesso, mas destaca que a ideia na teoria é positiva e garante mais praticidade. 

“A prática só vamos saber a partir de novembro. A gente fala de uma modalidade de pagamento muito mais rápida do que temos hoje, uma transferência menos burocrática e onerosa. Esse é um pagamento instantâneo de pessoa física ou jurídica em menos de dez segundos, com custo zero a princípio. Cada banco vai ter que ter que informar isso para os clientes, tanto os tradicionais como as fintechs. É o mesmo processo para fazer uma transferência tradicional, a qual estamos acostumados. Se não for pelo QR Code, a chave Pix, pode ser o CPF, data de aniversário, um código criado. É totalmente desburocratizado, somente informar algum dado”, disse. 

Tiago Monteiro destaca que a criação do Pix pode impulsionar ainda a atuação das micro e pequenas empresas. “Isso pode ajudar micro e pequenos negócios, uma empresa não vai ter custo com transferências de documentos, gerando um QR Code e isso cai instantaneamente. O fluxo de caixa fica robusto e previsível já que o pagamento vai ser feito na hora. vamos usar o Pix como algo muito baixo de onerosidade, vai ter uma transferência muito menos burocrática e onerosa. Vai ser mais uma coisa nova, onde a população vai ser testada, um percentual vai saber utilizar”, declarou. 

Na visão do diretor executivo de Tecnologia da Informação, Produtos, Open Banking e Operações do Banco Original, Raul Moreira, a implantação do Pix vai revolucionar as formas de pagamento no Brasil, fazendo com que o mercado entre em uma nova fase, mas ainda precisa de um melhor engajamento do Banco Central na divulgação do sistema, já que são mais de 60 milhões de desbancarizados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“A implantação é uma nova fase do mercado, que vai permitir um instrumento importante de pagamentos, maior competitividade no sistema financeiro, instrumento para apoiar as fintechs, a gente observa muito essa questão para melhor experiência do usuário. Não é trivial o que está sendo implantado, a comunicação para a população, o Brasil nunca teve um sistema de pagamento instantâneos e é importante deixar isso claro, a multiplicadade dessa forma de uso, o Pix é um instrumento de possibilidade de inclusão financeira”, afirmou. 

Raul aponta que ainda não existe nada concreto sobre uma taxação das transações feitas por meio do novo sistema a ser implantado. “A gente por enquanto não tem nada sobre CPMF vindo do regulador, existem projetos de lei, mas a gente não considera esse cenário nesse momento. O que consideramos é que é algo de baixo custo no aspecto de movimentação financeira. Toda vez que houver uma transferência entre pessoa física é gratuita, e mecanismo de baixo custo para empresas financeiras, com preço competitivo. Ele chega para criar esse ecossistema de competição, inclusão e redução de custos para população”, analisou.
 

Entenda o que é o Pix, o novo sistema de pagamento instantâneo e transferências do Banco Central