A dois meses das eleições, EUA anunciam redução de tropas americanas no Iraque
Oficiais da coalizão liderada pelos EUA disseram que as forças iraquianas agora são capazes de lidar por conta própria com os remanescentes do grupo militante Estado Islâmico (EI)
O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta quarta-feira (9), que vai reduzir o número de soldados americanos no Iraque de 5.200 para 3.000 ainda no mês de setembro.
Oficiais da coalizão liderada pelos EUA disseram que as forças iraquianas agora são capazes de lidar por conta própria com os remanescentes do grupo militante Estado Islâmico (EI), e que a redução das tropas é o reconhecimento do progresso obtido pelo país.
"A presença reduzida nos permite continuar aconselhando e auxiliando nossos parceiros iraquianos na erradicação dos remanescentes finais do EI no Iraque e garantindo sua derrota duradoura", disse o general da Marinha, Kenneth McKenzie, chefe do comando militar no Oriente Médio.
A decisão cumpre um acordo firmado em junho entre os dois países que previa a redução das tropas americanas e os planos de Washington de não manter bases militares permanentes no Iraque.
De acordo com um levantamento do New York Times, ao reduzir para 3.000 o número de soldados, o governo de Donald Trump traz a força americana no Iraque ao mesmo nível em que estava em 2015, quando os EUA começaram sua campanha contra o Estado Islâmico.
A menos de dois meses das eleições em que concorrerá a mais um mandato à frente da Casa Branca, Trump terá algum ganho político com a decisão, já que o retorno das tropas era uma de suas promessas ainda na campanha de 2016.
À época, o republicano disse que acabaria com as "guerras sem fim", mas as tropas americanas permanecem em países como Afeganistão, Iraque e Síria, embora em número menores.
Em agosto, Trump se reuniu com o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kadhimi. Na ocasião, reforçou sua promessa de retirar os soldados americanos, em respeito a uma votação do Parlamento do Iraque, que decidiu pela saída de tropas estrangeiras do país.
"Estamos ansiosos pelo dia em que não precisaremos estar lá. Esperançosamente, o Iraque pode viver sua própria vida e eles podem se defender, como têm feito muito antes de nos envolvermos", disse o presidente.
Embora o Estado Islâmico não tenha realizado ataques nas mesmas proporções de anos atrás, Kadhimi disse que células adormecidas do grupo fundamentalista continuam em operação no Iraque.
Segundo autoridades americanas ouvidas pela agência de notícias AFP, o cronograma de retirada das tropas foi acelerado em resposta ao número crescente de ataques às bases da coalizão militar liderada pelos EUA.
De acordo com os oficiais de Washington, que falaram em condição de anonimato, a violência parte de grupos rebeldes alinhados ao Irã que exigem a saída de todas as tropas americanas do Oriente Médio.
O medo da propagação do coronavírus entre os militares também pesou na decisão. Nos últimos meses, a França retirou suas tropas e o Reino Unido reduziu significativamente o número de soldados na região.
O governo Trump também deve anunciar a redução de tropas no Afeganistão. Segundo um acordo bilateral entre Washington e Taleban, há, atualmente, 8.600 soldados no país.
A meta do Pentágono é reduzir esse número para menos de 5.000, à medida que as negociações de paz entre os afegãos continuem avançando. Os termos do acordo preveem retirada total das tropas em 2021.
Em entrevista ao Axios, Trump disse que pretendia reduzir a força militar americana no Afeganistão pela metade antes das eleições, marcadas para 3 de novembro.
"Isso parece mais ligado ao calendário político de Trump e às crescentes ameaças às nossas tropas provocadas por suas próprias políticas mal concebidas", escreveu Brett McGurk, ex-diplomata e ex-enviado especial da Casa Branca ao Oriente Médio.