Teatro

Lilia Cabral e sua filha atuam em peça sobre a rejeição na era da Covid

Lilia Cabral vive Laurita, uma mulher de cerca de 60 anos, cuja existência parece parada no tempo

Lilía Cabral e GIulia Bertolli - Divulgação/ Cristina Granato

Com 40 anos de carreira, a atriz Lilia Cabral está mais do que acostumada com as câmeras. Só que, desta vez, quando três delas miram tudo o que acontece no palco em que ela estreia uma nova peça, a sensação é diferente. "A gente não pode esquecer que o  que está fazendo é teatro", diz.

"A Lista" estreou no carioca Teatro Petra Gold. A transmissão ao vivo online aproxima o público do elenco ao máximo possível em tempos de pandemia sem vacina.

"A história do teatro é tão bonita. Daqui a alguns anos vamos poder dizer que na pandemia se fazia teatro online. Estamos felizes por estar na profissão, contribuir ajudando pessoas da equipe a se manter e por levar arte para o público", resume Cabral.

Com texto de Gustavo Pinheiro e direção de Guilherme Piva, "A Lista" traz a atriz e sua filha, Giulia Bertolli, na condução da história sobre duas vizinhas que desenvolvem uma relação durante o isolamento, uma delas é uma jovem  cantora de ópera e a outra uma professora aposentada.

Segundo Cabral, é preciso ter em mente o tempo todo que não se trata de uma produção de TV ou cinema. "Não existe corte. Temos que deduzir o que é melhor para o público, entender que às vezes a luz pode estar boa no palco, mas não vai funcionar na tela. Tem o som também, que depende muito da internet."

"Estamos em uma volta às origens do teatro, a simplicidade dele", afirma o diretor, Guilherme Piva. "Os móveis, por exemplo, são da casa da Lilia, alguns meus, outros do Renato Machado, iluminador. Os figurinos são delas próprias. Tem essa forma caseira, tendo que usar bastante a criatividade."

A atriz conta que ela e a filha sempre tiveram vontade de trabalhar juntas e que o convite do autor para "A Lista" antecipou a realização do desejo.
"Eu tinha um projeto para este ano, mas a pandemia entrou e não deu certo. E a Giulia e eu moramos juntas, então era inevitável. A pandemia interrompeu  muitas coisas dos planos dela, da vida dela, então ela também achou que era a hora."

Cabral vive Laurita, uma mulher de cerca de 60 anos, cuja existência parece parada no tempo. "Ela é extremamente mal humorada, implicante e acha que a vida foi injusta com ela. A filha não a visita, ela não tem um marido. Até sonha, mas fica dentro do apartamento, sem muita perspectiva", acrescenta a atriz.

Amanda, a personagem de Bertolli, perdeu a mãe, é ignorada pelo pai e sobrevive com seus próprios recursos.

Segundo Cabral, a arte tem o papel de ser uma vitamina em períodos de medo e incerteza. "Às vezes a gente ouve coisas que não precisa  ouvir sobre nossa profissão, porque nós temos compromisso, sim, com o público, com as nossas vidas e as vidas de muita gente. Lutamos todos os dias para sobreviver e mostrar nossa arte", afirma.

A Lista

Em cartaz até 25 de setembro.

Ingr.: R$ 10 no site teatropetragold.com.br