Prefeito e vice de Agrestina são presos em operação que investiga desvios em recursos públicos
Esquema criminoso usava conta de "laranja" para movimentar o dinheiro
O prefeito de Agrestina, Thiago Nunes, e o vice, Zito da Barra, foram presos pela terceira fase da Operação Pescaria, deflagrada pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (10), em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão - além do prefeito e do vice, também foram presos um funcionário da prefeitura e dois empresários, que não tiveram os nomes revelados pela polícia.
A operação investiga desvios de recursos públicos na prefeitura da cidade do Agreste de Pernambuco. De acordo com as investigações, as vantagens ilícitas teriam sido obtidas através da contratação de uma empresa de fachada de forma fraudulenta, com recursos federais.
O caráter competitivo do processo licitatório era então frustrado e os contratos eram executados por meio de terceiros desqualificados, segundo comunicado oficial da Polícia Federal. Além dos presos, a operação cumpre 13 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais de pessoas ligadas ao esquema criminoso.
Mandados de afastamento de funções públicas de servidores municipais de Agrestina também foram expedidos, assim como mandados de abertura de sigilos bancários e fiscal dos investigados. Todas as ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
O prefeito Thiago Nunes foi levado à Delegacia de Polícia Federal de Caruaru, também no Agreste. Na casa de um dos suspeitos alvos de busca e apreensão, os policiais encontraram R$ 110 mil em espécie e R$ 100 mil em folhas de cheque em um cofre.
A investigação que culminou com a deflagração da terceira fase da Operação Pescaria mira a lavagem dos lucros ilicitamente auferidos pela organização criminosa. A quadrilha usava conta bancária ligada a um "laranja" vinculado ao grupo.
Segundo a polícia, a conta bancária servia aos investigados para o recebimento de transferências bancárias e depósitos em espécie. A maioria dos depósitos eram feitos em valores baixos e sem a identificação da origem, realização de saques de valores vultuosos, bem como, também, para a utilização de cheques assinados em branco, tudo com o propósito de dificultar a identificação da origem criminosa do dinheiro.
As outras fases foram deflagradas em 21 de fevereiro e em 28 de março do ano passado. Os crimes investigados nesta terceira fase da operação são de organização criminosa, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Agrestina para saber o posicionamento da gestão sobre a prisão do prefeito e do vice-prefeito e aguarda retorno para a atualização do texto.