Policiais acusados de assassinar George Floyd comparecem à Justiça nos EUA pela primeira vez
Como muitos manifestantes que pediam por justiça do lado de fora do Centro de Justiça Familiar, os quatro policiais participaram do julgamento do caso separados
Quatro policiais acusados de assassinar George Floyd, o homem negro de 46 anos cuja morte em maio desencadeou protestos em todo país, compareceram todos à Justiça pela primeira vez nesta sexta-feira (11).
Como muitos manifestantes que pediam por justiça do lado de fora do Centro de Justiça Familiar, no centro de Minneapolis, os quatro policiais participaram do julgamento do caso separados, já que os registros judiciais mostraram que cada um buscava atribuir a culpa pela morte de Floyd aos outros.
Derek Chauvin, filmado em 25 de maio pressionando seu joelho no pescoço de Floyd após prendê-lo em uma rua de Minneapolis, enfrenta uma acusação por homicídio em terceiro grau e outra por homicídio em segundo grau.
Chauvin alega que uma overdose de Fentanil foi a causa da morte e acusou dois outros policiais de não terem avaliado corretamente a condição de Floyd.
Outros três policiais de Minneapolis que estavam com Chauvin quando Floyd foi detido foram acusados de cumplicidade e incitação ao homicídio em segundo grau. Os quatro policiais foram demitidos no dia seguinte à morte de Floyd.
Eles rejeitaram a hipótese de overdose, qualificando-a como "ridícula", e disseram que todos os quatro - Chauvin, Thomas Lane, Alexander Kueng e Tou Thao - deveriam ser julgados juntos com base em "evidências substanciais" de que "trabalharam juntos" quando Floyd foi morto.
Morte 'brutal e desumana'
A morte de Floyd em 25 de maio se tornou um símbolo do que muitos afirmam ser um caso de racismo estrutural e abuso de negros pela polícia, e gerou protestos em todo o país que permanecem sob o lema "vidas negras importam".
Os promotores afirmam que a morte do homem negro, desarmado no momento da prisão, foi "cruel, brutal e desumana". Floyd foi detido por supostamente usar uma nota falsa de 20 dólares em uma loja.
Todos os quatro réus defendem que a decisão de imobilizar Floyd, que foi algemado e mantido sob os joelhos de Chauvin por dois dos policiais - foi razoavelmente justificada.
Lane, Kueng e Thao enfrentam acusações de auxílio e cumplicidade de homicídio e de homicídio culposo.
"Vidas negras importam"
Do lado de fora do Centro de Justiça Familiar, dezenas de manifestantes aguardam o acusado com cartazes, gritos e uma grande bandeira que diz: "Black Lives Matter".
A audiência focou-se na dificuldade de proporcionar um julgamento com júri confiável e justo, previsto para começar em março de 2021. Isso por causa da imensa publicidade do caso, que inflamou opiniões tanto do lado direito como do lado esquerdo do cenário político.
Assim como os réus, seus advogados e promotores usavam máscaras de proteção, ao mesmo tempo em que o tribunal buscou formas para formalizar o júri diante da covid-19.
Houve também relatos feitos pelos advogados de defesa sobre ameaças constantes recebidas por telefone e a mídia social, que juntas poderiam envenenar um julgamento justo.
A seleção do júri geralmente envolve o desfile de dezenas de candidatos em um tribunal para interrogatório ao vivo por advogados de ambos os lados para determinar se eles já são tendenciosos.
O juiz distrital, Peter Cahill, propôs enviar questionários a potenciais jurados em suas casas.
Mas os advogados de defesa disseram que há o risco de permitir que eles consultem o caso na Internet e formem opiniões antes de responder às perguntas.
Além de solicitar julgamentos separados, os advogados de defesa pediram que o caso fosse transferido para outra jurisdição.
Mas o advogado de Thao, Robert Paule, ressaltou que pode ser impossível encontrar jurados em potencial que não tenham visto as notícias do caso.
"Não existe realmente um condado ou mesmo um estado neste país onde não tenha recebido muita publicidade sobre a morte de George Floyd", afirmou Paule.
Cahill informou que por enquanto eles continuariam no tribunal atual, mas poderiam considerar a mudança se um júri aceitável não pudesse ser reunido.