Economia

OCDE melhora projeção para PIB brasileiro e mundial, mas não vê vacina para todos em 2021

Dólar americano - Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

A OCDE, organização que reúne as economias mais desenvolvidas, revisou a projeção para a contração da economia brasileira em 2020 de 7,4% para 6,5%, em meio a uma onda de revisões que projetam um desempenho menos pior para a economia global neste ano. A projeção do governo é de queda do PIB de 4,7% neste ano e crescimento de 3,2% no próximo. As estimativas do mercado pela pesquisa Focus, do Banco Central, é de -5,11% e +3,5%, respectivamente.

Em junho, a entidade previa uma contração global de 6%, revista para 4,5% no seu relatório trimestral de setembro, divulgado nesta quarta-feira (16). Para 2021, é estimado crescimento mundial de 5% (ante 5,2% em junho), insuficiente para que o nível da economia volte ao patamar anterior à pandemia no próximo ano.

"As projeções pressupõem que surtos locais esporádicos continuarão, sendo tratados por intervenções locais direcionadas, em vez de bloqueios nacionais.
Presume-se que uma vacinação não se torne amplamente disponível até o final de 2021", diz a OCDE.

Se a ameaça do coronavírus desaparecer mais rapidamente do que o esperado, diz a OCDE, uma maior confiança pode aumentar a atividade global significativamente em 2021. Um ressurgimento mais forte do vírus, com medidas mais rigorosas de contenção, poderiam cortar de dois a três pontos percentuais do crescimento global em 2021.

No caso brasileiro, é projetada recuperação de 3,6%, mas que poderia ficar em apenas 1% no cenário pessimista. Segundo a entidade, a revisão de 2020 reflete a queda na produção global menor que a esperada, mas esse fator positivo mascara diferenças consideráveis entre os países, com revisões em alta na China, EUA e Europa e para baixo na Índia, México e Argentina.


No Brasil, a melhora de 0,9 ponto percentual na projeção de 2020 é inferior à revisão de 1,5 ponto para cima no desempenho global. Nos EUA, houve melhora de 3,5 pontos. Na China, de 4,4 pontos percentuais.

Segundo a OCDE, o nível de produção aumentou rapidamente após a flexibilização das medidas de confinamento e a reabertura inicial de empresas, mas o ritmo da recuperação global perdeu ímpeto durante os meses de verão no hemisfério norte, que começou no final de junho. "Os gastos das famílias com muitos bens duráveis se recuperaram de forma relativamente rápida, mas os gastos com serviços, especialmente aqueles que exigem proximidade entre trabalhadores e consumidores ou viagens, permaneceu deprimido", diz a instituição em seu boletim.

Olhando para a frente, a entidade diz que o apoio das políticas fiscal e monetária precisa ser mantido para preservar a confiança e limitar incertezas, citando a sinalização de que as taxas de juros serão mantidas baixas por um longo tempo. Disse ainda que medidas fiscais adicionais são bem-vindas.

"O objetivo deve ser evitar aperto orçamentário prematuro em uma época em que as economias ainda são frágeis", diz a OCDE, que cita a importância de programas de retenção de empregos e apoio à renda para limitar a longa duração e os custos da crise.