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Assessores da Presidência dizem ter se reunido com Carlos Bolsonaro antes de seus depoimentos à PF

Os encontros, segundo Tércio Tomaz Arnaud e José Matheus Sales Gomes, ocorreram na manhã da sexta-feira (11)

O Vereador Carlos Bolsonaro - Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Assessores especiais da Presidência apontados como integrantes do "gabinete do ódio" disseram à Polícia Federal que se reuniram com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) horas antes de serem interrogados no inquérito do Supremo dos atos antidemocráticos.

Os encontros, segundo Tércio Tomaz Arnaud e José Matheus Sales Gomes, ocorreram na manhã da sexta-feira (11). À tarde, os dois foram ouvidos pelos investigadores.

Filho do presidente, o vereador prestou depoimento à PF no Rio de Janeiro na véspera, quando respondeu a perguntas sobre o envolvimento de aliados do presidente Jair Bolsonaro nos atos antidemocráticos.

A delegada da PF Denisse Dias Rosas Ribeiro, encarregada do inquérito, quis saber dos dois auxiliares de Bolsonaro na Presidência quando estiveram pela última vez com Carlos. A reportagem teve acesso aos dois interrogatórios.

Tércio respondeu que almoçou com o vereador naquela sexta-feira. José Matheus, por sua vez, afirmou que esteve com o filho 02 do presidente na parte da manhã, mas "que não conversaram sobre os detalhes da oitiva de Carlos Bolsonaro".

Conforme o jornal Folha de S.Paulo antecipou nesta quinta-feira (17), Carlos disse à PF que não é "covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação".

O vereador admitiu relação com contas pessoais de Bolsonaro nas redes sociais. Disse que não participa da política de comunicação do governo federal e que "tem relação apenas com divulgação dos trabalhos desenvolvidos pelo governo federal nas contas pessoais do declarante e do seu pai".

Aberta por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a apuração busca identificar os responsáveis pela organização e financiamento de manifestações contra integrantes do STF e do Congresso Nacional.

No depoimento à PF, ao ser questionado pela delegado sobre "qual tipo de atuação realiza nas redes sociais privadas do Presidente", Tércio reforçou a versão de Carlos.

Ele afirmou que "não detém as senhas das redes sociais do presidente da República, sendo que o próprio presidente cuida da rede social do Facebook e Carlos Bolsonaro cuida das demais redes sociais do seu pai".

Os interrogatórios de Tércio e José Matheus, segundo um ofício enviado pela PF ao chefe da assessoria especial da Presidência da República, foram agendados inicialmente para o dia 9. Portanto antes da data prevista para que Carlos fosse interrogado.

O assessor-chefe, Célio Faria Júnior, pediu à PF que as oitivas fossem transferidas para a sexta-feira (11). Não houve oposição por parte da PF para que fosse feito esse reagendamento.

A polícia perguntou aos dois assessores também sobre o último encontro que tiveram com o coronel Mauro César Barbosa Cid, ajudante de ordens do presidente Bolsonaro. O militar foi ouvido pela PF na parte da manhã daquela sexta-feira.

José Matheus disse que esteve com o oficial do Exército e que falaram "de forma superficial" sobre a oitiva de Cid à PF. Tércio afirmou que também o encontrou no Planalto naquela manhã.

Ao comentar qual a função desempenha no Planalto, Tércio disse à PF acompanha a agenda de Bolsonaro, "participando de reuniões com o objetivo de assessorar presidente sobre os temas que serão abordados, trazendo informações coletadas de fontes abertas". "Quando demandado auxilia, juntamente com José Matheus, Mateus Diniz e o ajudante de ordem, Ten. Coronel Cid, no levantamento de informações que possam ser abordadas e trabalhadas durante a transmissão ao vivo (live)", afirmou o assessor.

Também assessor da Presidência, Mateus é apontado como outro integrante do "gabinete do ódio" e será ouvido na próxima pela polícia. O grupo, tutelado por Carlos, é responsável por parte da estratégia digital bolsonarista. A existência do gabinete foi revelada pela Folha de S.Paulo em 19 de setembro de 2019.

Questionado se atua nas redes sociais privadas do presidente, José Matheus disse que não. Ele afirmou que, de acordo com a sua disponibilidade, acompanha o Bolsonaro na transmissão das lives, "para prestar auxílio sobre informações ou até mesmo no manuseio de equipamentos necessários para realização da transmissão".

E comentou que eventualmente também auxiliam nesta tarefa os colegas "Tércio Arnaud, Mateus Diniz e às vezes algum ajudante de ordem do presidente".