Agência dos EUA amplia exigências para vacina contra Covid-19 e deve frustrar planos de Trump
O conjunto de diretrizes, que pode ser aprovado ainda nesta semana, estragaria os planos do presidente Donald Trump
A FDA (Food and Drug Administration), agência americana reguladora de medicamentos, deve pedir exigências mais rigorosas para a liberação de vacinas contra a Covid-19 nos Estados Unidos.
De acordo com os jornais The New York Times e The Washington Post, será necessário que os participantes da última fase dos testes sejam acompanhados durante ao menos dois meses após receberem a dose final –somente depois dessa etapa a vacina poderia ser enviada para avaliação.
Entre outros processos, a imunização também deverá passar por um comitê de especialistas independentes antes de chegar às mãos do órgão.
O conjunto de diretrizes, que pode ser aprovado ainda nesta semana, estragaria os planos do presidente Donald Trump. Para incentivar eleitores a comparecerem às eleições presidenciais no país, ele prometeu diversas vezes que uma vacina já estaria disponível até 3 de novembro, dia da votação.
Mesmo os especialistas a serviço do governo declararam que a data mais provável para que uma imunização esteja disponível aos americanos será no meio do ano que vem, ou até alguns meses depois.
Essas medidas, no entanto, dependem da aprovação da Casa Branca para valerem oficialmente. Trump criticou as guias, dizendo que a exigência de que a vacina seja avaliada previamente por um grupo independente "parece uma jogada política". "Podemos ou não podemos aprová-la", afirmou.
Nesta quarta (23), autoridades da área da Saúde –incluindo Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas– foram ao Senado defender a integridade científica da FDA e apresentar provas de que Trump interferiu no processo desse e de outros órgãos para a aprovação de uma vacina.
O pacote de medidas da FDA ainda inclui outras exigências dos fabricantes, como um plano concreto de acompanhamento para os pacientes que receberem a vacina em caráter emergencial.
As diretrizes também recomendam padrões específicos de fabricação e teste, que garantam que a vacina disponibilizada ao público seja exatamente a mesma que foi usada no processo clínico.
Assim como no Brasil, a epidemia de coronavírus foi politizada ao extremo nos EUA. Segundo o centro de pesquisa Pew, a porcentagem de americanos que tomariam a vacina imediatamente caso ela estivesse disponível caiu de 72%, em maio, para 50%.
Ao Washington Post um diretor da Baylor College of Medicine afirmou que "as coisas estão tão agitadas que há uma possibilidade razoável de que a população americana não aceite uma vacina". "A história dos EUA é cheia de boas vacinas que foram rejeitadas por causarem má impressão pública."