RADIOTEATRO

Um Certo Delmiro Gouveia é o radioteatro desta semana da Radio Folha FM

A peça trata dos últimos dias do pioneiro da industrialização do Nordeste

Delmiro Gouveia, considerado o pioneiro da industrialização do Nordeste - Divulgação

A Rádio Folha FM apresenta, no espaço do radioteatro desta semana, mais uma peça radiofônica de autoria do escritor Moisés Monteiro de Melo Neto, adaptada para o rádio: Um Certo Delmiro Gouveia. O enredo conta a história de Delmiro Gouveia, considerado o pioneiro da industrialização do Nordeste, com destaque para a implantação da hidroelétrica de Paulo Afonso. Neste trabalho Moisés Neto, traça um painel do que teriam sido os últimos dias de Delmiro, um dos maiores empresários do Brasil, na época. Aborda sua fama de mulherengo e trata dos seus problemas com as autoridades. O texto ganhou prêmio de dramaturgia entregue pelo Governo de Pernambuco, no final dos anos 80, quando foi escrita. 


No elenco estão o comunicador Jota Ferreira, no papel de Delmiro; a âncora Patrícia Breda, que interpreta dois papéis: a segunda mulher de Delmiro, Eulina,  e Carmem, uma amante do empresário; Marise Rodrigues, no papel de Maria Augusta, irmã de Delmiro; o repórter Geraldo Moreira, faz o papel do Governador (um inescrupuloso político nordestino).Os jornalistas convidados Fernando Alvarenga, no papel do norte-americano Mister Moore; Jorge Neto, dando voz ao prepotente representante inglês da firma Machine Cotton, Jonh, (que comprou e destruiu a fábrica de Delmiro após o seu assassinato); e o autor da peça, Moisés Neto, nos papéis de Dantas Barreto e do judeu Iona, sócio de Delmiro. A sonoplastia está a cargo de Anderson Ricardo. A peça vai ao ar nessa sexta, 25, às 17h, com reprise no domingo, 27, às 11h.

Trajetória
O pai de Delmiro lutou como voluntário na Guerra do Paraguai e não mais voltou, a mãe dele foi para o Recife e depois da humilhação imposta pela família do dele, com quem ela não era oficialmente casada. Ela morreu quando ele tinha quinze anos. Delmiro, que teve uma vida muito difícil, foi condutor e bilheteiro da Maxambomba, o bonde que ia de Apipucos para o Recife; entrou para o comércio de couro e foi trabalhar para o americano John Sanford, intermediário de um curtume da Filadélfia, que se instalou no Recife. Aprendeu inglês e se tornou o melhor empregado do curtume, aí assumiu a gerência da filial, mas a empresa não atingiu o lucro esperado e terminou fechando. Foi para Filadélfia, comprou as instalações do escritório e em 1895, voltou ao Recife como patrão. 

Um dos seus principais feitos aconteceu em 1898, quando instalou o Mercado Modelo no terreno que comprou ao Derby Club. Era um estilo de shopping Center, com muitas lojas decoradas com mármore e outros materiais nobres, onde hoje funciona o Comando da Polícia Militar, o Quartel do Derby. Mandou erguer um palacete perto do mercado e morava nele com a primeira esposa, que o abandou. Mas o poder político em Pernambuco estava nas mãos de Rosa e Silva, vice-presidente da República e Delmiro, que promoveu reformas urbanas em Recife e se tornou conhecido no Brasil, era visto como ameaça aos grandes interesses da elite local por seu atrevimento. Apreendiam as mercadorias dele e o ameaçavam de morte; então, no dia 2 de janeiro de 1900, seu mercado é incendiado e reduzido a cinzas. Foi preso, por ter agredido o vice-presidente, Rosa e Silva. No dia seguinte um habeas corpus restituiu sua liberdade. 

Delmiro Gouveia voltou ao comércio de couro e abriu nova firma,  a Iona & Krause. Foi em 1902, que  fugiu com Carmélia Eulina do Amaral Gusmão, uma jovem protegida de um importante político local. Teve três filhos, Noêmia, Noé e Maria. Em 1913, inaugurou a primeira Usina Hidrelétrica do Brasil, Paulo Afonso e uma fábrica de linhas e fios, que desbancou uma multinacional na América Latina, com uma vila operária invejável. Delmiro se preparava para expandir os negócios, quando foi assassinado em outubro de 1917, num crime envolvido em muitas intrigas e mistérios.