Educação

Sindicato entra com ação na justiça para impedir volta às aulas em PE

Sindicato dos professores de Pernambuco (Sinpro) alega que 'retorno às aulas presenciais só atende os interesses empresariais'

Sala de aula de escola estadual - Arthur Mota/Arquivo Folha

O Sindicato dos professores de Pernambuco (Sinpro) entrou, na última sexta-feira (2), na justiça contra o retorno das aulas presenciais no estado, previsto para a próxima terça-feira (6). De acordo com o sindicato, o retorno das aulas presenciais, autorizado pelo Governo do Estado, atende exclusivamente a interesses empresariais, "em detrimento da saúde e da proteção da vida da comunidade escolar", diz a nota divulgada pelo Sinpro. 

Em nota, o sindicato afirma que a ação foi movida para "preservar o mais importante de todos os direitos, a vida". "O sindicato, além das alegações mais gerais acerca do fato, também aponta que as experiências ocorridas em outros estados vêm mostrando o quanto esse retorno não é viável ao povo e o poder público tem por obrigação, proteger as pessoas dessa pandemia", diz a nota. 

Na última quarta-feira (30), os professores da rede estadual de Pernambuco declararam greve após a realização de uma assembleia virtual que, segundo o Sintepe (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco), contou com mais de 1.500 participantes, entre eles professores e professoras, servidores administrativos e analistas da educação da Rede Pública Estadual de Pernambuco. A paralisação deve ser deflagrada oficialmente na segunda-feira (5), por meio da realização de outra assembleia. 

De acordo com o Sintepe, um relatório assinado por médicos com PHD nas áreas de Epidemiologia e Medicina Social foi apresentado ao Governo do Estado. No relatório, fatores como a a "interiorização da disseminação do vírus e a concentração do maior número da assistência especializada e de hospitais na capital" são citados como argumentos contrários à retomada das atividades escolares.

 



“Temos um parecer que diz que não é o momento para retorno às aulas. Existe um conflito dentro da própria área médica, que passa pra gente essa incerteza. Vamos ter que esperar para que haja a primeira morte de um estudante ou de um professor contaminado na escola para que as aulas sejam suspensas?”, afirmou o presidente do Sintepe, Fernando Melo, em entrevista à Folha de Pernambuco. 

Até o momento, o Governo de Pernambuco mantém a autorização da volta às aulas na próxima terça-feira (6). Em nota enviada à reportagem, a Secretaria de Educação e Esportes reforçou que trabalha com a premissa de manter o diálogo com professores, demais profissionais de educação e com o Sintepe. “O órgão aguarda a formalização desta decisão [greve] por parte do Sintepe e a apresentação de uma proposta que permita a continuidade da negociação”, disse a pasta, alegando que recebeu “com surpresa” a decretação da greve. 

“Desde o mês de julho a secretaria trabalha para que o retorno às aulas presenciais seja realizado de forma segura e observando o cumprimento das medidas previstas no protocolo sanitário para a área de educação. O maior objetivo é apoiar os estudantes e garantir seu direito à aprendizagem com a indispensável colaboração dos professores e demais profissionais da educação”, acrescentou a secretaria.

Leia a nota do Sinpro na íntegra:
Na última sexta-feira (2), o setor jurídico do Sinpro Pernambuco entrou com uma ação civil pública, visando a revogação do retorno das aulas presenciais no estado.

A ação foi movida no intuito de preservar o mais importante de todos os direitos, a vida. O sindicato, além das alegações mais gerais acerca do fato, também aponta que as experiências ocorridas em outros estados vêm mostrando o quanto esse retorno não é viável ao povo e o poder público tem por obrigação, proteger as pessoas dessa pandemia.

O retorno às aulas presenciais só atende os interesses empresariais, principalmente para que as escolas particulares voltem a cobrar suas mensalidades no valor integral, em detrimento da saúde e da proteção da vida da comunidade escolar.

A maioria das famílias são contra esse retorno, assim como as entidades estudantis e os(as) professores(as). Muitas escolas em todo estado, também já oficializaram que continuarão em suas rotinas remotas.

Esperamos que a justiça se estabeleça ao lado da vida e do direito.

Veja a íntegra da nota enviada pela Secretaria de Educação e Esportes à reportagem na última sexta-feira (2):
A Secretaria de Educação e Esportes trabalha com a premissa de manter o diálogo com os professores, demais profissionais de educação e com o Sintepe. Neste sentido recebe com surpresa a informação sobre decretação de greve dos professores da rede pública estadual, uma vez que estava em processo de diálogo com a categoria. O órgão aguarda a formalização desta decisão por parte do Sintepe e a apresentação de uma proposta que permita a continuidade da negociação. 

Importante ressaltar que o Governo de Pernambuco estabeleceu a retomada das aulas presenciais para o Ensino Médio em etapas a partir do dia 6 de outubro e de forma facultativa para os estudantes, com base em autorização das autoridades de saúde do Estado, que vem acompanhando diariamente a redução dos números da pandemia e a melhoria de todos os indicadores epidemiológicos. A Secretaria de Educação e Esportes informa também que vem tomando as providências desde o mês de julho para que o retorno às aulas presenciais seja realizado de forma segura e observando o cumprimento das medidas previstas no protocolo sanitário para a área de educação. O maior objetivo é apoiar os estudantes e garantir seu direito à aprendizagem com a indispensável colaboração dos professores e demais profissionais da educação.

A pasta informa ainda que ao longo desta semana as escolas da rede estão realizando diversas ações de acolhida aos professores e equipes de gestão, e que mantém o trabalho de preparação das unidades de ensino para a retomada das aulas presenciais.