Perdas no setor de turismo chegam a mais de R$ 200 bilhões
A crise de maior proporção no setor de Turismo, trouxe prejuízos em todo país. Foram quase 50 mil estabelecimentos de portas fechadas, além de um saldo negativo bilionário na conta do setor.
O setor de Turismo foi um dos mais afetados na pandemia. Entre maio e setembro deste ano, em razão da pandemia, o setor perdeu R$ 207,85 bilhões em faturamento, no país. Em Pernambuco, a perda foi R$ 6 bilhões, durante o mesmo período, que ainda perdeu cerca de 1,2 mil estabelecimentos, por conta da Covid-19. O pior mês para o faturamento no setor de turismo foi maio, com prejuízo de R$ 1,10 bilhão, somente em Pernambuco. Os dados foram divulgados ontem, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC).
Em quantidade de estabelecimentos, a crise de tamanho nunca visto antes, levou o setor a registrar, no país, um saldo negativo de 49,9 mil estabelecimentos com vínculos empregatícios entre março e agosto deste ano. Isso significa uma perda no setor de 16,7% dos estabelecimentos com vínculo empregatício. O segmento mais agravado foi o setor de bares e restaurantes, que, sozinho, encerrou o período com o saldo de 39,5 mil estabelecimentos fechados. Em seguida vem o segmento de hospedagem em hotéis, pousadas e similares (-5,4 mil) e transporte rodoviário (-1,7 mil).
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE), André Araújo, explica que a razão do setor ter sido tão afetado é porque o segmento tem um pilar construído em cima de entretenimento e lazer. “Isso significa relacionamento entre pessoas. Com a pandemia e as medidas preventivas tomadas, orientadas inclusive pela OMS, o setor foi bastante prejudicado”, conta. Ainda de acordo com Araújo, Pernambuco tinha cerca de 17,3 mil estabelecimentos entre bares e restaurantes, em março deste ano. Com a pandemia, a projeção é que pelo menos 30% não consigam retornar à sua plenitude.
Ainda de acordo com a pesquisa da CNC, todos os segmentos do turismo registraram saldo negativo entre maio e setembro. O Turismo também tem sido o mais afetado no que diz respeito ao volume de receita e nos empregos. Até o fim de 2020, a CNC projeta o fechamento de 42,7 mil estabelecimentos em todo o país.
Para o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, o setor de Turismo teve dois principais agravantes que puxaram-o para baixo. “O protocolo para operação do Turismo é muito mais complexo do que a Indústria ou Comércio, por exemplo. Para reabrir hotéis, atividades turísticas, restaurantes, o protocolo precisa ser muito mais restrito na operação do Turismo. O outro ponto é a essencialidade do serviço. É que as famílias concentram seus gastos em serviços essenciais, mas o Turismo não se enquadra nesse aspecto”, detalha Bentes.
Com a Covid-19, as empresas precisaram fechar as portas e demitir funcionários. Em seis meses de pandemia, 481,3 mil pessoas, perderam seus empregos de carteira assinada no setor do Turismo. O dado é referente às estatísticas mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apurado mensalmente pela Secretaria do Trabalho, ligada ao Ministério da Economia.