Aulas presenciais retomam com baixa adesão na rede estadual
Em meio a suspensões, decisões judiciais e greve de professores, pais de estudantes ficaram confusos com retorno às aulas
O primeiro dia de retorno às aulas presenciais deixou mais dúvidas do que esclarecimentos aos estudantes do terceiro ano do ensino médio em Pernambuco. Em meio a uma greve dos professores da rede estadual, algumas escolas funcionaram normalmente pela manhã. Enquanto as instituições se adaptavam para receber os poucos alunos que aderiram ao retorno, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) mandou suspender as aulas da rede, em uma ação movida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe).
A própria decisão anterior do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), no Recife, já havia confundido pais e alunos. Na noite dessa segunda-feira (5), a Justiça do Trabalho acatou o pedido do Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro), que representa os professores da rede privada, e mandou suspender a volta das atividades presenciais nas escolas particulares em Pernambuco.
Junto à greve declarada dos professores, a medida gerou uma confusão entre os pais de estudantes da rede estadual, que pensaram que a medida se aplicava às escolas públicas. Como foi o caso da Escola de Referência em Ensino Médio Santa Paula Frassinetti, no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife. "como as escolas particulares não voltaram, muitos pais estavam ligando para a gente até agora porque não sabiam do retorno. De 83 alunos, retomamos com 32 estudantes presenciais. A expectativa era de retorno de 52 a 60 estudantes", explica.
A volta foi marcada, também, pelos protocolos sanitários: totens de álcool em gel, tapetes sanitizantes, silêncio e marcação de lugares para manter os alunos em distanciamento social em sala de aula."Tivemos reuniões com a Secretaria de Educação e as salas comportam 16 estudantes, com turmas divididas. O horário do almoço está sendo dividido em 10 e 10 minutos, sendo uma pessoa por mesa no refeitório. Para almoçar, os estudantes limpar as mãos e a cada grupo a empresa faz a limpeza das meses", conta Edson.
Enquanto as aulas aconteciam, o TJPE decidiu pela suspensão das aulas também na rede pública, em acato à ação do Sintepe. A decisão proferida pelo 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Dr. Augusto Napoleão Sampaio Angelim, diz que que as atividades se mantém suspensas "até que se adotem as medidas necessárias para garantir o direito à saúde dos profissionais de educação, inclusive com a criação de uma Comissão Setorial". Procurada pela reportagem da Folha de Pernambuco, a Secretaria de Educação e Esportes afirmou que não foi notificada e que não comentará a decisão judicial.
Percepção dos alunos
O estudante Hugo Rafael, de 17 anos, diz que esperava pela volta às aulas para manter a rotina de estudos. "A vinda foi tranquila porque venho de bike. Acho que as aulas virtuais, apesar de todo o esforço dos professores, eu não estava conseguindo aprender como presencialmente", conta o estudante.
Para Andressa, de 17 anos, o maior desafio para a volta presencial foi o transporte. "Os ônibus estão muito lotados, mas eu tenho o privilégio de poder pegar carona com o meu pai que trabalha no Centro da Cidade. Mas tem as pessoas que têm não tem essa opção. Esse retorno separou muita gente, porque diminuiu a quantidade de pessoas. Virtualmente eu tinha um pouco de dificuldade de aprender, não pelos professores, mas pela distração de ter outras coisas no momento", enfatiza.