Meio ambiente

Movimento critica erradicação de árvores na UFPE

Das espécies derrubadas, apenas uma apresentava riscos de tombamento

Espécie Orelha de Macaco tombada no Centro de Biociências - Divulgação

Uma ordem para erradicação de cinco árvores no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), executada na manhã desta quarta-feira (07), foi criticada por movimento ambiental e ativistas. Para evitar a derrubada do vegetal, um ato de repúdio foi convocado para ocorrer no Centro de Biociências da UFPE, campus Recife, entretanto, o processo de extrações seguiu com êxito.

As espécies erradicadas são um Sombreiro e uma Orelha de Macaco, ambas da família das Leguminosae e, outrora, localizas no Centro de Biociências (CB); um Jambeiro no Mestrado de Patologia; uma Ficus, espécie centenária, no Centro de Filosofias e Ciências Humanas (CFCH); e uma Espatólia, no Centro de Artes e comunicação (CAC).

Desde o mês de julho de 2020, a UFPE tem passado por um novo plano paisagístico, cortando árvores que, segundo a instituição, apresentam risco à vida das pessoas pela iminência de tombamento. Para cada árvore derrubada, a proposta é plantar dez novas espécies. Entretanto, crítico à decisão da universidade, o Coletivo Sistema Agroflorestal Experimental (SAFe/UFPE) informou que, das cinco árvores derrubadas, apenas uma possuía uma patologia que comprometia sua estrutura.

 

O Coletivo alerta que existe uma higienização do campus com retirada excessiva de árvores e esta ameaça também torna o trabalho do SAFe em xeque. Sem querer se identificar, um dos integrantes do Coletivo denunciou que o ato de repúdio às derrubadas não aconteceu devido ao bloqueio que foi imposto pela instituição. “Os alunos ficaram desmotivados por conta desse bloqueio. Lembrando que setembro foi considerado o mês mais quente da história do planeta. A universidade tem papel fundamental em dar o exemplo de manutenção da vida”, disse.

As árvores extraídas possuem aproximadamente o mesmo tempo de existência da UFPE, ou seja, 70 anos. Além de todos os benefícios que elas trazem consigo, existe todo um sentimento envolvido, conforme explica o professor de ecologia da instituição, Gilberto Rodrigues. “Cada árvore em si é como se fosse um museu. Ela traz consigo a história de várias pessoas, um histórico de toda uma paisagem. É como se faltasse um ente querido na família.”

O professor reitera que até se pode fazer a erradicação de uma árvore fazendo a compensação com o plantio de outras. Contudo, o problema não é a erradicação, mas os motivos para isso e a forma como é feita. “Somente cortar a árvore é uma forma muito primitiva de se fazer, hoje, quando existem outras tecnologias de transposição ou trabalhar com o germoplasma dela pra criar outros indivíduos a partir dela”, pontua o ecologista.

Em nota, a UFPE justificou que o processo de derrubadas atendeu às medidas e requisitos exigidos em lei, junto às instâncias da universidade e à Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc). A instituição acadêmica também reitera que os laudos possuem assinatura de especialistas nas áreas de Botânica, Gestão Ambiental e Engenharia Civil da UFPE e de instituições externas, como analistas ambientais da Secretaria Executiva de Licenciamento e Controle Ambiental. De acordo com a universidade, as medidas adotadas foram dialogadas com os gestores locais e transcorrem desde o ano passado.

Já Secretaria Executiva de Licenciamento e Controle Ambiental do Recife, vinculada à Semoc, informou que a erradicação das cinco árvores foi autorizada de acordo com uma análise que indicava a necessidade, uma vez que o tratamento e o transplante para outro local não seriam eficazes nesse caso, além de serem de espécies não compatíveis com o ecossistema onde estavam inseridas. 

Compensações

A UFPE reforçou que, para as devidas compensações ambientais, neste ano foi realizado o plantio de 40 espécies da Mata Atlântica no campus através do seu Plano Diretor. Em 2019, já havia promovido o plantio de 1.000 mudas da Mata Atlântica, em uma iniciativa para recuperar a nascente do Lago do Cavouco. Já a atual gestão da PCR, informou que mais de 56 mil espécies, prioritariamente nativas da Mata Atlântica, foram plantadas entre 2013 e 2020, sendo 11.051 novas árvores somente em 2019. Como compensação, serão plantadas dez árvores nativas da Mata Atlântica nas proximidades de onde foi feita a retirada na universidade.