Economia

Banco Mundial melhora projeção para PIB do Brasil para queda de 5,4% em 2020

O Banco destaca que o impacto das medidas de confinamento foi sentido de maneira desproporcional nas famílias que dependem de trabalhos informais

Nota de R$ 50 - Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

O Banco Mundial revisou nesta sexta-feira (9) sua estimativa para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2020, para queda de 5,4%, ante projeção anterior de um tombo de 8%, feita em junho. A instituição é mais uma a melhorar sua estimativa para o PIB brasileiro, que passa por uma onda de revisões favoráveis, em meio à recuperação mais rápida do que o esperado da economia, puxada pelos efeitos positivos do auxílio emergencial sobre o consumo.

Para 2021, a expectativa também melhorou, para um crescimento de 3% da economia no próximo ano, ante alta de 2,2% esperada anteriormente. O banco apresentou também pela primeira vez sua previsão para 2022, que é de um avanço de 2,5% do PIB brasileiro, representando, portanto, uma desaceleração em relação ao ano anterior.

Para a América Latina e Caribe (exceto Venezuela), a projeção da instituição financeira piorou para este ano, para queda de 7,9%, maior do que o recuo de 7,2% esperado em junho. Por outro lado, a projeção de crescimento para 2021 melhorou para a região, para alta de 4%, acima da projeção de avanço de 2,8% feita em junho.

As estimativas para 2020 pioraram para países como Argentina (-12,3%, de -7,3% anteriormente), Bolívia (-7,3%, de -5,9%), Chile (-6,3%, de -4,3%), Colômbia (-7,2%, de -4,9%), México (-10%, de -7,5%), Paraguai (-3,2%, de -2,8%) e Uruguai (-4%, de -3,7%).

"Os países na região estão sofrendo com a redução na demanda externa, maior incerteza econômica, o colapso no setor de turismo e as consequências de meses em confinamento para tentar conter a propagação da doença", observa a equipe do Banco Mundial, em relatório.

Os níveis da dívida pública na região aumentaram bruscamente, à medida em que os governos aumentaram suas despesas para enfrentar a crise. "Os auxílios emergenciais podem continuar a ser necessários no momento, mas os países terão que encontrar maneiras de voltar ao equilíbrio fiscal", afirma a instituição.

O Banco Mundial destaca ainda que o impacto das medidas de confinamento foi sentido de maneira desproporcional nas famílias que dependem de trabalhos informais. Em resposta, a instituição defende medidas de incentivo à formalização e a importância de registros abrangentes para facilitar transferências sociais entre os que vivem "da mão pra boca", nas palavras do banco.

A instituição financeira destaca que os pacotes de estímulo dos governos da região foram robustos, apesar das limitações fiscais, com muito dos recursos destinados às transferências sociais. "O efeito multiplicador dessas transferências na atividade econômica é significativo."

O Banco Mundial avalia que, com a expectativa de continuação da pandemia por um período prolongado, os sistemas de saúde da região devem considerar fazer reformas para melhorar sua efetividade e reduzir custos. "Reorientar impostos e despesas públicas de forma a apoiar a criação de empregos, a prestação de serviços e o desenvolvimento da infraestrutura é necessário para colocar a região de volta no trilho do crescimento inclusivo e sustentável", conclui o banco.

Em setembro, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) também revisou sua projeção para a contração da economia brasileira em 2020 de 7,4% para 6,5%. As projeções de mercado coletadas pelo Banco Central na pesquisa Focus para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano chegaram a uma queda de 6,6% ao fim de junho. Desde então, foram melhorando e, na última segunda-feira (5), estavam em -5,02%.

O próprio BC revisou sua projeção para 2020 de -6,4% (junho) para -5,0% (setembro).