Museus, Sescs, cinemas e centros culturais reabrem em SP com a fase verde
Isso significa que museus, teatros, casas de show, bibliotecas e galerias poderão reabrir suas portas
A capital paulista chegou à fase verde do Plano SP. A informação, confirmada à Folha de S.Paulo por uma pessoa envolvida no processo, será anunciada na entrevista coletiva desta sexta-feira (9) do governador João Doria (PSDB) e do prefeito Bruno Covas (PSDB), a partir das 12h45. Isso significa que museus, teatros, casas de show, bibliotecas e galerias poderão reabrir suas portas. Mas a vida cultural paulistana ainda deve demorar a voltar ao normal.
Isso porque, até segunda ordem, os espaços culturais devem seguir uma série de protocolos já assinados pelo prefeito de São Paulo.
Obrigatoriedade do uso de máscaras, rotinas de conscientização e educação dos funcionários, desinfecção dos espaços, medição de temperatura dos visitantes, triagem rápida de colaboradores para identificar possíveis casos, distanciamento social, ocupação de 60% da capacidade máxima -tudo isso passa a fazer parte do dia-a-dia da cultura.
Por ora, eventos só serão permitidos se contarem com, no máximo, 600 pessoas -exceto de conseguirem autorização especial da Secretaria Municipal de Licenciamento. Eventos com mais de 2.000 pessoas ficam proibidos em quaisquer circunstâncias.
Nos teatros, os espectadores deverão ocupar assentos de forma intercalada, deixando dois lugares livres entre as pessoas. Se o local de espetáculo for ocupado por mesas, as cadeiras deverão ter distância de um metro entre si. Já os locais em que o público fica em pé deverão contar com marcações no chão, para garantir o distanciamento. Os camarins deverão ser utilizados individualmente.
Coisa parecida acontecerá com os cinemas, que terão funcionamento limitado a oito horas e a obrigatoriedade de um metro e meio de distância dentro e fora das salas, o que também interdita algumas poltronas dentro das salas. Os espaços devem se empenhar para evitar que filas se formem.
Para Frederico Eckschimidt, epidemiologista pela Faculdade de Medicina da USP, os níveis da doença em São Paulo justificam a progressão para a fase verde, mas não se pode esquecer que ela ainda existe. "Vários lugares que abriram acabaram voltando atrás porque as pessoas acabam se descuidando. O que tem que ficar claro é que o problema não acabou e os cuidados tem que ser mantidos. O que muda é a organização dos serviços, mas quem puder ficar em casa deve ficar", diz.
O que abre em São Paulo O Masp diz que deve abrir tão logo o anúncio para fase verde aconteça. O museu prevê um público menor do que a sua média histórica para os próximos meses, levando em conta a limitação de público e a crise econômica que assombra os brasileiros.
A Pinacoteca -incluindo as unidades Luz, Estação Pinacoteca e o Memorial da Resistência de São Paulo- abrirá as portas aproximadamente no quinto dia após a retomada das atividades na capital. "Esse intervalo é necessário para mobilização, ajustes, comunicação de funcionários e sociedade", diz o museu, em nota.
O Itaú Cultural vai retomar as atividades presenciais na terça-feira (13). O primeiro passo será reabrir exposições inauguradas poucos dias antes da suspensão das atividades. Voltam as mostras Sandra Cinto: das Ideias na Cabeça aos Olhos no Céu, Ocupação Rino Levi, além da exposição permanente das coleções Brasiliana e Numismática. Os dias e horários de funcionamento serão reduzidos, de terça a domingo, das 13h às 19h.
Segundo Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, a palavra-chave do pós-pandemia será "hibridismo". "Adotaremos atividades presenciais de forma integrada com as ações virtuais que cresceram consideravelmente nesse período", diz, em nota.
O MAM (Museu de Arte Moderna) anunciou a reabertura de seu espaço físico na próxima terça (13). O público poderá realizar visitas com entrada gratuita, com agendamento prévio pelo site. Na retomada, haverá três mostras inéditas -Antonio Dias: derrotas e vitórias, Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM - 20 Anos e Projeto Parede. A biblioteca do museu terá atendimento por canais digitais e as visitas serão agendadas. O período de permanência no espaço da biblioteca será controlado.
O MIS (Museu da Imagem e do Som) reabre na semana que vem, na sexta (16), com a exposição John Lennon em Nova York por Bob Gruen, que foi suspensa temporariamente cinco dias após a sua inauguração, em março.
O Instituto Tomie Ohtake reabre a partir do sábado da semana que vem, dia 17, funcionando inicialmente de sexta a domingo, das 12h às 17h. A reabertura trará duas mostras inéditas e retoma duas interrompidas pela pandemia. Serão inauguradas as exposições dos selecionados do 7º Prêmio EDP nas Artes e do 2º Prêmio de Design Instituto Tomie Ohtake Leroy Merlin. Voltam as individuais de Mariana Palma e de Tomie Ohtake.
O Instituto de Arte Contemporânea (IAC) segue o mesmo caminho e reabre na terça (13) com a exposição Luzes da Memória, que comemora a abertura da nova sede da instituição e ficará aberta para visitação de terça a domingo, das 11h às 17h.
A direção do cinema Petra Belas Artes afirma que vai abrir já no sábado (10). Das seis salas de exibição, apenas as quatro maiores serão retomadas neste primeiro momento, com horário reduzido e com maior espaço de tempo entre as sessões. Obedecendo aos protocolos, a ocupação máxima será 60% –sendo que a média, aos finais de semana, por exemplo, era de 85%, segundo Juliana Brito, diretora executiva.
O Espaço Itaú de Cinema também deve reabrir o quanto antes, mas não especifica um dia exato. A rede Cinesystem afirma estar pronta, mas ainda não definiu as datas. Os cinemas da Centerplex devem ficar fechados por pelo menos mais uma semana.
O gigante Cinemark deve reabrir aos poucos na capital paulista, começando pelo Market Place.
O CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de São Paulo prevê a retomada ainda em outubro, mas sem uma definição de data até o momento. Durante o período que esteve fechado, o centro cultural deu início a algumas reformas e manutenções no espaço do teatro e cinema, que devem ser finalizadas na primeira quinzena de outubro.
A Japan House deve reabrir as portas a partir do dia 20 de outubro, com possibilidade de agendamento. O planejamento da retomada conta com consultoria do Hospital Santa Cruz.
A Casa das Rosas deve reabrir na semana que vem, mas não detalha o dia exato.
O Instituto Moreira Salles prevê a reabertura do IMS Paulista na terça (13). As visitas deverão ser agendadas. O local reabrirá com três exposições em cartaz, sendo uma delas inédita -Paz Errázuriz: coleções Fundación MAPFRE. Será possível também frequentar o café Balaio, a livraria da Travessa e acessar a escultura Echo, do artista Richard Serra. O restaurante Balaio já estava aberto.
O Teatro Bibi Ferreira retomará as atividades na próxima semana, no sábado (17), com espetáculos infantis –"Os 3 Porquinhos, O Musical", às 16h15, e "Uma Aventura na Neve e o Aniversário de Anna", às 17h30. No dia seguinte, o local trará encenações de "Peter Pan & Sininho na Terra do Nunca", às 16h15, e "Chapeuzinho Vermelho e o Lobo", às 17h30.
As unidades do Sesc na capital paulista reabrirão primeiro para exposições. A partir de quinta (15), o Sesc Bom Retiro abre a exposição Caipirismo - José Antônio da Silva e Jocelino Soares. Na outra semana, no dia 20, o Sesc Pompeia abre Farsa - Lingua, Fratura, Ficção: Brasil - Portugal e Kader Attia - Irreparáveis Reparos.
Mas ainda que possam, nem todos os espaços culturais pretendem reabrir imediatamente. "O fato de ter a liberação não significa que a gente já possa imediatamente reabrir", diz Danilo dos Santos Miranda, diretor do Sesc São Paulo. Os teatros e salas de cinema da instituição ainda devem demorar para reabrir.
"De um lado a gente quer abrir tudo o mais rápido possível. Por outro lado, temos que ter os cuidados necessários para dar garantia de segurança a todos os usuários", diz o diretor.
No IMS Paulista, o cinema também não reabrirá por enquanto. O Teatro Porto Seguro permanece fechado até o final do ano.
Em meio a uma crise envolvendo sua entidade gestora, o Theatro Municipal cancelou todas as suas atividades de 2020.
O Centro Cultural São Paulo deve permanecer fechado pelo menos até a próxima quinta (15), em cumprimento de um decreto da prefeitura que suspende prazos no âmbito da administração pública. Por ser um equipamento sem portas ou catracas, o principal desafio relatado pela instituição tem sido pensar em logísticas que permitam a todos acessar o espaço com segurança.
Entre as casas de shows, confirmaram abertura na fase verde a Audio, o Espaço das Américas, que pretende inaugurar uma série a plateia organizada por mesas, o Tom Brasil, que deve reabrir na primeira quinzena de novembro, e o Blue Note, que tem o retorno dos shows previsto para 15 de novembro –com programação de shows já definida até dezembro.
Algumas casas de shows e boates adotaram a estratégia de reabrirem funcionando como restaurantes, que foram a autorizados a voltar a funcionar em julho. É o caso do Bourbon Street, que se coloca como bar e restaurante com música ao vivo, e que mesmo antes do anúncio da fase verde já havia marcado sua reabertura para a próxima quinta (15).
Outra casa que prepara programação para a fase verde é o Villa Country, que já havia voltado com os eventos setembro. Nas redes sociais, a casa fotos já posta fotos em que somente funcionários aparecem usando máscara.
A Casa Natura Musical não voltará a funcionar agora, e o Cine Joia deve retomar gradualmente apenas em dezembro.
Alguns espaços culturais simplesmente não conseguem funcionar sem aglomeração. É o caso do Espaço Satyros, na praça Roosevelt. O local não reabrirá enquanto não houver "controle absoluto dessa pandemia", segundo Ivam Cabral, fundador da Cia. Satyros. "Até março a gente não reabre", diz.
"Se a gente fosse criar uma saída de acordo com os protocolos da prefeitura, a gente não teria condições de trabalhar. Somos um elenco muito grande, são 14 pessoas fixas, mais dezenas e dezenas de atores convidados. Nossas peças sempre têm públicos muito grandes, entao a gente não consegue. Só poderemos abrir as portas quando a gente tiver controle absoluto dessa pandemia, ou seja, quando aparecer a vacina", afirma.
"A determinação da prefeitura pouco significa para nós. Há uma pressão dos produtores, dos outros teatros, que é legítima. Estamos falando de reabertura, mas não estamos de público. Será que esse público vai encarar essa parada?".
O Teatro Oficina segue a mesma linha do Satyros e só deve reabrir em março de 2021. O comunicado diz que a retomada envolve questões complexas. "As peças produzidas pela companhia têm grande quantidade de elenco e coro, além de terem longa duração. Para reabrir, o teatro precisa de condições financeiras para a contratação de funcionários para reabertura, como bilheteria, limpeza, segurança e etc."