Emprego

Sobram empregos nas áreas de tecnologia

Mesmo com desemprego batendo recorde (13,8%), as oportunidades no mercado digital só crescem. Falta de qualificação é um dos problemas

Pierre Lucena - Anderson Stevens / Folha de Pernambuco

Arranjar uma oportunidade de trabalho em época de pandemia parece até um desejo impossível de ser alcançado.A fila por uma vaga de emprego atingiu uma marca histórica: 13,1 milhões de pessoas se viram desamparadas no Brasil. O motivo? A Covid-19, que saiu levando como um tornado o emprego de muitos brasileiros. No entanto, em algumas áreas há empregos sobrando, principalmente nos segmentos da tecnologia. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a evasão em cursos superiores de educação tecnológica chega a 82%, o que dificulta o preenchimento das vagas. 

Só no Porto Digital, há 1.500 postos de trabalho disponíveis. A Avanade também está com 60 vagas disponíveis. No entanto, mesmo com tantas vagas sobrando, falta gente capacitada para desempenhar as atividades. Para ajudar essas empresas, a Gama Academy, escola que seleciona talentos e forma profissionais para o mercado digital, que atua em parceria com Avanade e Accenture, oferece treinamento gratuito aos candidatos. 

Para as vagas na Avanade as inscrições seguem até o dia 20 de outubro. Quem tiver interesse em participar pode realizar a inscrição no site: (https://corp.gama.academy/avanade/inscricao). Todo o treinamento acontece de forma remota e é inteiramente gratuito. De acordo com a Gama Academy, além de conhecimentos técnicos no assunto e habilidades como flexibilidade e agilidade para solucionar problemas, as empresas da área buscam profissionais que tenham bem desenvolvidas as chamadas soft skills, características como resiliência, empatia, bastante usadas no segmento.


Para a COO da Gama Academy, Natália Garcia, o motivo de tantas vagas sobrando se dá em razão do segmento digital ser muito dinâmico e pelo motivo de o mundo também estar mudando. “Se antes uma pessoa tinha por volta de uma profissão ao longo da vida, hoje têm 3 ou 4, por isso a educação tem que formar profissionais em um menor tempo e que estejam prontos para atuar com as tendências do mercado, e existem poucas escolas que conseguem atender essa demanda”, explica Natália. Ainda de acordo com ela, o ecossistema local está ficando mais maduro, e aproximando-se de grandes polos como Santa Catarina, Curitiba e Porto Alegre. 

Em relação à quantidade de vagas que sempre sobram nesta área, Natália ressalta que o mercado está mudando muito rápido e a educação não está acompanhando as mudanças na velocidade correta. “Isso está fazendo com que o número de profissionais qualificados para atuar no mercado digital esteja muito abaixo do que o esperado, causando uma inflação no salário de profissões desejadas como a de desenvolvedores, profissionais de Produto, entre outros, tudo isso devido a uma má qualificação de profissionais e um descasamento entre a teoria aprendida nas salas de aula e a prática (ou falta dela) na hora de entrar para o mercado”, analisa. 

Já não bastasse as vagas sobrando, durante a pandemia o número só aumentou. É que ficou ainda mais clara a necessidade de uma transformação rápida com implantação de sistemas, que foi feito em grande parte pelas empresas locais, esclarece o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena. “Se a gente já tinha problemas de mão de obra qualificada, isso se agravou ainda mais [na pandemia] e abriu mercado para trabalhadores do mundo todo”, detalha. 

Ainda de acordo ele, o setor de tecnologia está aquecido e a promessa é que vai aquecer mais ainda. As pessoas que hoje estão se habilitando a trabalhar com tecnologia na área de desenvolvimento de software terão mercado não só no Porto Digital, mas no mundo todo”, complementa Lucena.