Igreja

Candidato a 'padroeiro da internet', Carlo Acutis é beatificado em missa na Itália

Milagre de cura de uma criança brasileira foi o passo reconhecido pela Igreja Católica para tornar beato o jovem italiano morto em 2006

Memória de Carlo Acutis, agora beato, será feita todo dia 12 de outubro, data da sua morte - Vatican News/Divulgação

Adolescente morto em outubro de 2006, aos 15 anos, vítima de uma leucemia fulminante, Carlo Acutis foi reconhecido beato durante celebração de uma missa, neste sábado (10), em Assis, na Itália. A cura de um menino brasileiro em outubro de 2010 foi o passo reconhecido pela Igreja Católica para tornar beato o candidato a "santo adolescente" e "padroeiro da internet".

Carlo nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, na Inglaterra. Meses depois, se mudou com a família para Milão, na Itália. O jovem menino, que desde cedo demonstrou grande apreço pela espiritualidade e amor a Deus, foi diagnosticado com leucemia e morreu em Monza, também na Itália. 
 

A morte de Carlo ocorreu em 12 de outubro de 2006, dia em que a Igreja Católica celebra Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, o que reforça a ligação do agora beato com o País. As celebrações em memória de Carlo, inclusive, serão feitas todo dia 12 de outubro.

A fama de Acutis logo ganhou o mundo, principalmente entre jovens católicos, que usam a história dele como inspiração. Em julho de 2018, a Igreja o reconheceu Venerável por suas "virtudes heroicas" e, neste sábado, ocorreu a sua beatificação - último passo antes do reconhecimento oficial como um santo católico.

Carlo Acutis serve de inspiração para jovens católicos ao redor do mundo (Foto: Divulgação)

O jovem Carlo também é conhecido como "ciberapóstolo". Ele usou seu conhecimento em ciência da computação, avançado para adolescentes da sua idade, para montar uma exposição online com milagres eucarísticos.  

“Desde pequeno, sobretudo depois da primeira comunhão, nunca faltou ao encontro diário com a Santa Missa e o Rosário, seguidos de um momento de adoração eucarística”, disse a mãe de Carlo, Antonia Acutis, à agência de notícias católica ACI.

Processos de canonização exigem o reconhecimento de um primeiro milagre para a beatificação e de um segundo para a declaração oficial de santo. Em novembro do ano passado, a Igreja reconheceu o milagre da cura de um menino no Mato Grosso do Sul.

O menino, muito debilitado, tinha problemas de pâncreas e não comia e nem bebia. Após tocar em uma relíquia de Acutis foi curado da enfermidade. 

"No dia 12 de outubro de 2010, na capela de Nossa Senhora Aparecida, de nossa Paróquia, no momento da Bênção com a Relíquia, aproximou-se um garoto, levado por seu avô e que sofria o drama do pâncreas anular, que trata-se de uma anomalia congênita rara. Essa enfermidade fazia com que a criança vomitasse todo tempo o que a deixava fraca e muito abatida, pois tudo o que comia, voltava, inclusive líquido. Já andava com uma toalhinha, porque era grave a sua situação. Cada vez mais fraco, debilitado, encontraria a morte certa. Na fila para bênção, a criança pergunta ao avô o que deveria pedir e ele lhe diz: 'para parar de vomitar', e assim aconteceu", conta o relato do padre Marcelo Tenório, da Paróquia São Sebastião, em Campo Grande/MS, publicado em uma rede social.

"Quando chegou a vez do enfermo, ele tocou na Relíquia do Carlo e disse com voz firme: 'Parar de Vomitar' e, a partir de então, não vomitou mais. Em fevereiro de 2011, a família mandou fazer novos exames no garoto e foi-lhe constatado a plena cura", segue o texto. 

Matheus, menino que alcançou a cura milagrosa (Foto: Danielle Valentinm/Campo Grande News)

O túmulo de Acutis foi aberto à visitação em Assis, terra de São Francisco e Santa Clara, dois dos mais populares santos católicos, no início de outubro. Em bom estado de conservação, o cadáver do adolescente chegou a ser citado como incorrupto - processo em que o corpo não se deteriora, muito comum em alguns santos católicos. 

Um porta-voz da beatificação do jovem, no entanto, disse que o corpo de Carlo está íntegro, mas "não incorrupto". “Hoje o vemos novamente em seu corpo mortal. Um corpo que passou, nos anos de sepultura em Assis, pelo processo normal de deterioração, que é o legado da condição humana depois que o pecado foi removido por Deus, fonte da vida. Mas este corpo mortal está destinado à ressurreição”, disse o Bispo de Assis, dom Domenico Sorrentino, na missa de abertura do túmulo.

O corpo de Carlo está em uma urna de vidro que segue aberta para veneração pelos peregrinos até 17 de outubro. Um detalhe chama atenção: ele veste calça jeans e usa um par de tênis, roupas que costumava usar quando vivo. 

O coração de Carlo Acutis, que agora pode ser considerado uma relíquia, será exposto em um relicário na Basílica de São Francisco de Assis.

Túmulo de Carlo Acutis (Foto: Vatican News/Divulgação)