Política

Relembre flagras de dinheiro escondido, de bunker, Bíblia e cueca até entre as nádegas

Chico Rodrigues é um dos principais aliados de Bolsonaro no Legislativo e membro da tropa de choque do Planalto

Dinheiro - Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

Em operação realizada em Roraima nesta quarta-feira (14) contra o desvio de recursos públicos para o enfrentamento à Covid-19, a Polícia Federal apreendeu dinheiro vivo entre as nádegas de Chico Rodrigues (DEM-RR), então vice-líder do governo de Jair Bolsonaro no Senado.


No dia seguinte, Bolsonaro (sem partido) retirou o senador da vice-liderança do governo. Chico Rodrigues é um dos principais aliados de Bolsonaro no Legislativo e membro da tropa de choque do Planalto. Relembre outros flagras de dinheiro escondido, como em cueca, bíblia e bunker.

Cheques no lixo
Em julho deste ano, Waldir Teis, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, foi preso após ser flagrado pela Polícia Federal amassando e rasgando cheques durante uma busca e apreensão em um escritório em Cuiabá.
As imagens, que foram base para a prisão preventiva determinada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), mostram o conselheiro saindo do escritório e descendo as escadas, seguido por um agente da Polícia Federal.

Ao chegar no térreo, o agente encontra o conselheiro tirando folhas de cheques do bolso e as jogando na lata do lixo. Somados, os cheques valiam cerca de R$ 450 mil.

O bunker de Geddel
Em setembro de 2017, a Polícia Federal descobriu, em Salvador, um apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima que escondia R$ 51 milhões. Ele ficou conhecido como o bunker de Geddel.

A Polícia Federal contabilizou cerca de R$ 42,6 milhões e US$ 2,7 milhões (R$ 8,4 milhões) nas malas apreendidas. O trabalho de contagem durou mais de 14 horas e sete máquinas foram utilizadas. Em 2019, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou o ex-ministro e seu irmão, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, ambos do MDB da Bahia, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Dinheiro na Bíblia 
Estevam Hernandes e sua esposa, Sônia Hernandes, fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, foram detidos em 2007 ao entrar nos Estados Unidos, pelo aeroporto de Miami, com US$ 56,4 mil não declarados. O dinheiro estava escondido em uma bolsa, na capa de uma Bíblia, em um porta-CDs e em uma mala. Em vez de declarar a quantia, eles informaram que não carregavam mais de US$ 10 mil.

O casal foi condenado em agosto de 2007 pela Justiça norte-americana pelos crimes de conspiração e contrabando de dinheiro. Além dos 140 dias de reclusão, Estevam e Sônia foram condenados a mais cinco meses de prisão domiciliar, mais dois anos de liberdade condicional e multa de US$ 30 mil para cada um.

Dólares na cueca 
Em 2005, agentes da Polícia Federal de São Paulo detiveram o então assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva com R$ 200 mil em uma valise e US$ 100 mil presos ao corpo, na cueca, no aeroporto de Congonhas. Adalberto trabalhava para o deputado José Nobre Guimarães (PT), irmão de José Genoino, que era presidente do PT, e membro do Diretório Nacional do partido.

Segundo a PF, os R$ 200 mil na maleta de Adalberto foram flagrados pelo aparelho de raio-X do aeroporto. Os agentes da PF então o revistaram e encontraram mais US$ 100 mil dentro da cueca. Em 2012, o Superior Tribunal de Justiça livrou José Guimarães da acusação de improbidade administrativa por envolvimento no caso.

Escândalo dos aloprados
Durante a campanha eleitoral de 2006, Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-policial federal, e Valdebran Padilha da Silva, empresário filiado ao PT de Mato Grosso, foram presos em São Paulo sob suspeita de tentar comprar dossiê contra o PSDB.

O valor de R$ 1,7 milhão seria usado para a compra de um dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo José Serra, que liderava as pesquisas. Segundo depoimento de Valdebran à PF, ele recebeu de Gedimar uma sacola preta contendo R$ 1 milhão, sendo parte desse valor em dólares. Na época, Lula disse que os envolvidos eram "um bando de aloprados", expressão pela qual o caso ficou conhecido.

Em 2017, com os envolvidos já inocentados pela Justiça, Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht, chegou a retomar a história durante uma delação premiada e afirmou que o dinheiro era oriundo de uma transação entre a empreiteira e a cervejaria Itaipava.

Em nota, a cervejaria e afirmou à época que "não tem relação com o episódio dos aloprados" e o diretório do PT em São Paulo disse que não se manifestaria sobre as delações.