Bolívia decide seu futuro nas urnas, neste domingo
Luis Arce aparece nas pesquisas com ligeira vantagem sobre Carlos Mesa
Os bolivianos votam neste domingo (18) em um cenário de profundo antagonismo entre esquerda e direita, que disputam o governo de um país afligido pela pobreza e por temores de convulsões sociais.
O esquerdista Luis Arce, aliado do líder indígena Evo Morales, chega nas pesquisas com estreita vantagem sobre Carlos Mesa, ex-presidente ligado à direita boliviana, que nos últimos anos se inclinou para o centro político a fim de ganhar mais apoio.
Analistas preveem uma "governança frágil" nos próximos cinco anos, já que nem o Movimento pelo Socialismo (MAS) nem a Comunidade Cidadã (CC), de centro, alcançariam maioria absoluta. Com isso, o futuro presidente governaria sem controlar o Parlamento.
"As eleições de 18 de outubro seriam as mais importantes desde o retorno à democracia (1982), porque ou o partido do ex-presidente Morales segue ou começa um processo de desmantelamento do poder masista (do MAS)", disse o analista Carlos Valverde.
A votação de hoje é uma repetição das eleições de outubro de 2019, anuladas por suposta fraude atribuída ao ex-presidente Evo Morales, que então pretendia estender seu mandato até 2025.
Esse acontecimento gerou violentos protestos que culminaram com a renúncia do líder esquerdista, asilado hoje na Argentina. A discórdia latente e a fragmentação social na Bolívia se refletem nas pesquisas, que preveem segundo turno eleitoral.
As falas dos dois candidatos alimentaram incerteza, segundo o analista Carlos Börth. Com a experiência de 2019, muitos bolivianos optaram por fazer previsões e estocar alimentos para resistir a um eventual cenário de protestos nas cidades e a bloqueios de estradas.
Nos últimos dias, os mercados das principais cidades do país ficaram lotados por milhares de pessoas, e foram registradas longas filas de veículos em busca de combustível.
"Há muita preocupação com um possível surto de violência após as eleições", disse o embaixador da União Europeia (UE) na Bolívia, Michael Doczy.
Neste cenário, o Tribunal Eleitoral, os partidos políticos, a Igreja e diversos organismos internacionais pediram paz, eleições limpas e respeito aos resultados.
As urnas permanecerão abertas até as 17h no horário local (18h de Brasília), e os primeiros resultados são esperados para três horas depois.