Diplomacia

'Espero comparecer à posse de Trump', diz Bolsonaro mesmo com Biden à frente nas pesquisas

Declaração foi dada no último ato no Brasil da delegação do governo americano, liderado pelo conselheiro de segurança nacional Robert O'Brien

Robert O’Brien, Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, ao lado do presidente Jair Bolsonaro - Marcos Corrêa/PR

Mesmo com o atual favoritismo do democrata Joe Biden na eleição nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, nesta terça-feira (20), que torce pela reeleição de Donald Trump e disse esperar estar na cerimônia de posse de um possível segundo mandato do americano.

"Espero, se for a vontade de Deus, comparecer à posse do presidente [Trump] brevemente reeleito nos EUA. Não preciso esconder isso, é do coração", declarou Bolsonaro, no último ato no Brasil da delegação do governo americano liderado pelo conselheiro de segurança nacional Robert O'Brien.

"Não interfiro, mas é do coração. Pelo respeito, pelo trabalho e pela consideração que ele teve conosco eu manifesto dessa forma neste momento", acrescentou.

O'Brien liderou uma missão ao Brasil para marcar a assinatura de um pacote comercial entre os dois países, anunciado na segunda. Para além disso, o principal objetivo da visita foi pressionar autoridades brasileiras a criar barreiras para a participação da empresa chinesa Huawei no futuro mercado de 5G.

Num gesto para prestigiar a visita dos americanos, Bolsonaro quebrou o protocolo e foi pessoalmente ao Palácio do Itamaraty num ato originalmente previsto para ser realizado apenas entre ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e O'Brien.

O ministro Paulo Guedes (Economia) também foi chamado de última hora para comparecer, para assinar um acordo com o Exim Bank (Banco de Exportação e Importação dos EUA) para financiar exportações americanas ao Brasil.

Em seu discurso, o presidente brasileiro teceu mais elogios a Trump: "Desde o primeiro contato nasceu entre nós um sentimento de cooperação, de buscar o bem para seus países; de apagarmos o que tínhamos de não feito corretamente por quem nos antecedeu no tocante à devida representação que nossos países se merecem".

A disputa nos Estados Unidos, que se encerra em 3 de novembro, ainda está em aberto, mas Biden aparece à frente nas pesquisas de intenção de voto. Ele também mantém liderança sobre Trump em estados-chave considerados pêndulos, que no sistema eleitoral dos EUA devem decidir a eleição.

Admirador confesso de Trump, Bolsonaro já foi aconselhado por auxiliares a moderar as demonstrações de apoio à reeleição do atual presidente, sob o argumento de que Biden, caso eleito presidente, poderia jogar pressão extra sobre o Brasil.

Biden já criticou a política ambiental do governo Bolsonaro e analistas preveem uma relacionamento tumultuado com o brasileiro caso ele chegue à Casa Branca.

A expectativa, por exemplo, é que Biden seria pressionado a cobrar resultados do Brasil diante do avanço do desmatamento.