Pesquisa

Cultura na internet foi democratizada durante pandemia, diz pesquisa

Pesquisa do Itaú Cultural e Datafolha aponta que maioria dos brasileiros acreditam que internet facilitou o consumo da cultura durante a pandemia

Consumo de atividades culturais na pandemia - Foto: Pixabay

O setor cultural foi o primeiro a parar, mas também um dos pioneiros em reinvenção após a chegada do coronavírus ao Brasil. E o ambiente virtual foi crucial para que o consumo do entretenimento permanecesse ativo no isolamento social. É o que demonstra a segunda pesquisa do Itaú Cultural com o DataFolha, a qual 67% dos brasileiros afirmaram observar um avanço na democratização da cultura durante a pandemia. O levantamento analisou os hábitos culturais na web nesse período, onde avaliou os aspectos de consumo, acesso e quais atividades foram mais assistidas pelo público.

A pesquisa faz parte de uma parceria entre o Itaú Cultural e o Datafolha, os quais estão tentando compreender saídas e soluções para o setor cultural brasileiro após a pandemia. Nesta segunda etapa do estudo, 71% dos brasileiros afirmaram acessar internet diariamente, enquanto 29% disseram que nunca acessaram ou usam a ferramenta com pouca frequência. No entanto, houve um aumento no consumo, já que 57% afirmaram utilizar aparelhos digitais com mais frequência no período analisado. Para compreender o cenário, foram ouvidos 1.521 indivíduos, de 16 a 65 anos, em todas as regiões do País, entre os dias 5 e 14 de setembro, com margem de erro em três pontos percentuais.

Atividades culturais foram consumidas com frequência durante o período. Segundo a pesquisa, 84% disseram ouvir música na rede, 73% declaram assistir filmes e séries e 60% dizem assistir shows no ambiente virtual. Esta última não analisou especificamente o poder das lives, entretanto, os pesquisadores apontaram que elas estão inclusas nesse espectro. Um dos sinais positivos pelo levantamento foi a leitura, a qual 38% das pessoas afirmaram ler livros digitais no isolamento social. Ela ficou à frente de jogos eletrônicos (34%), webinars (32%), atividades infantis (28%), podcasts (26%), espetáculos de teatro (21%) e visitas a museus e exposições (17%). Apenas 5% dos entrevistados não responderam.

“A pesquisa Itaú Cultural/Datafolha deixa evidente como o mundo cultural acolheu virtualmente as pessoas neste momento tão difícil para todos, como também o quanto os brasileiros estão usufruindo intensamente de conteúdos culturais neste território da web. O fenômeno só não foi mais vigoroso em virtude da desigualdade digital, que precisa ser vencida o mais rápido e amplamente o possível”, comentou Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, durante a coletiva virtual realizada, ontem, entre as duas instituições.

Cultura ajudou na pandemia

Apesar do desmonte de políticas públicas e a queda do setor durante o período, a cultura foi avaliada como positiva na casa das pessoas. Para 58% dos indivíduos, atividades culturais ajudaram na convivência familiar. Além disso, 54% afirmaram declararam que as atividades culturais na web ajudaram a diminuir a sensação de solidão, enquanto 45% apontaram redução do estresse e da ansiedade.

Desigualdade

Embora todo esse aspecto seja positivo diante da reação da cultura à crise, as desigualdades ficaram evidentes pelo estudo. Moradores de regiões metropolitanas acessam mais internet que os habitantes da zona rural. Entre as regiões, a Norte apresentou os piores índices: 41% dos entrevistados afirmaram que nunca acessaram ou fazem uso de tecnologias com pouca frequência. Contudo, insights podem ajudar nessa melhoria. Smartphones são aparelhos mais acessíveis e consomem menos dados que computadores de mesas e notebooks. Os aparelhos de celulares aparecem como 90% dos acessos à programação cultural, sinalizando que mais produtos culturais sejam adaptados a esses dispositivos.