Coronavac

'Não será comprada', diz Bolsonaro sobre vacina chinesa após Pazuello anunciar aquisição

Ministério da Saúde havia anunciado a compra de 46 milhões de doses do imunizante, em desenvolvimento no Instituto Butantan, em São Paulo

Presidente Jair Bolsonaro - Evaristo Sá/AFP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quarta-feira (21), que a vacina chinesa produzida pela farmacêutica Sinovac contra a Covid-19 "não será comprada" pelo Governo Federal. O presidente chamou a vacina de "vacina chinesa de João Dória" e disse que o povo brasileiro "não será cobaia" do potencial imunizante contra a doença que já infectou mais de 5,2 milhões de brasileiros e tirou a vida de quase 155 mil.

"Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA", escreveu Bolsonaro. "Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina", completou o presidente.

A declaração de Bolsonaro foi feita um dia após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciar, em reunião com governadores, na terça-feira (20), que a Coronavac seria incluída no calendário nacional de imunização. O Ministério da Saúde havia anunciado a compra de 46 milhões de doses do imunizante, em desenvolvimento no Instituto Butantan, em São Paulo. Não houve nenhuma manifestação do ministério ou de Pazuello após a fala do presidente.

A primeira manifestação do presidente no dia sobre a vacina foi em resposta a um seguidor. "Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa", disse um seguidor na página de Bolsonaro, em alusão às richas ideológicas entre Bolsonaro e a China, governada por um líder de esquerda. Em seguida, o presidente respondeu, em letras garrafais: "Não será comprada". 
 

O comentário sobre a vacina chinesa respondido pelo presidente foi feito em uma publicação sobre a visita do Conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, Robert O'Brien, e de representantes da Casa Branca. Na ocasião, segundo Bolsonaro, foram assinados três acordos para "intensificar ainda mais nossas relações comerciais e econômicas".

Em resposta a outra seguidora, que afirmou haver um "Mandetta milico no Ministério da Saúde", Bolsonaro respondeu: "Tudo será esclarecido hoje. Tenha certeza, não compraremos vacina chinesa", postou o presidente. 

 

- A vacina chinesa de João Dória: - Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população,...

Publicado por Jair Messias Bolsonaro em Quarta-feira, 21 de outubro de 2020


Disputa política
A Coronavac virou alvo de uma disputa política entre o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), principal apoiador da vacina no País, e o presidente Bolsonaro.

Governadores enviaram uma carta a Pazuello, revelada pela Folha de S.Paulo, solicitando a inclusão no cronograma nacional da vacina do Butantan ou de qualquer outro imunizante que se mostre eficiente no combate ao coronavírus.

O atual calendário do ministério conta apenas com a chamada vacina de Oxford, prevista para abril.

Resposta de Bolsonaro em rede social (Foto: Reprodução/Facebook)

Vacina obrigatória
Na segunda (19), Bolsonaro disse a apoiadores que a vacina contra Covid-19 não será obrigatória, em reação a declaração de Doria de que a vacina será obrigatória em São Paulo, exceto para pessoas que apresentem alguma restrição avalizada por um médico.

"O meu ministro da Saúde já disse claramente que não será obrigatória esta vacina e ponto final", disse Bolsonaro.

No final da tarde, em evento no Palácio do Planalto, o presidente fez críticas indiretas a Doria. Segundo ele, o tucano está "levando terror perante a opinião pública".