Animação 'A Caminho da Lua' traz mensagem sobre superação das perdas
A cantora Priscilla Alcantara gravou a versão em português de 'Vou Voar', música-tema da personagem Fei Fei
“A Caminho da Lua”, novo filme que a Netflix apresenta ao público nesta sexta-feira (23), promete bater de frente com a hegemonia do selo Disney/Pixar no ramo das animações. A plataforma de streaming investiu pesado na produção, contratando como diretor o renomado Glen Keane, que trabalhou em obras como “A Pequena Sereia”, “A Bela e a Fera” e “Tarzan”.
O longa-metragem traz elementos que também estão presentes em muitas das animações do estúdios concorrentes. A música é uma dessas características semelhantes e está presente em boa parte do filme, com canções originais compostas por Christopher Curtis, Marjorie Duffield e Helen Park. A trilha sonora é assinada por Steven Price, que venceu o Oscar de 2015 por “Gravidade”.
“Vou voar”, música-tema do filme, foi gravada originalmente por Cathy Ang, atriz que dubla a protagonista da trama em inglês. Para o Brasil, foi lançada uma versão em português cantada por Priscilla Alcantara, artista que transita com sucesso entre o gospel e o pop. Aos 24 anos, a cantora diz que o projeto foi uma realização pessoal.
“Quando eu era criança, qualquer filme infantil que envolvesse música me encantava. Por isso eu tinha tanto desejo de trabalhar com animação musical e também porque é algo que envolve a interpretação em si, o que me tira totalmente da zona de conforto”, afirma.
A canção embala a aventura da garota Fei Fei. Apaixonada pela ciência, ela constrói um foguete para viajar até a lua. Seu objetivo é provar aos familiares a existência de Chang'e, a deusa da lua. Essa e outras referências às lendas chinesas fazem parte do universo mítico de “A Caminho da Lua”.
“Um dos pontos fortes dessa animação é a propagação de uma cultura diferente da nossa. Através de um projeto assim, a gente tem a oportunidade de conhecer mais sobre ela, de uma forma divertida e didática. Ao mesmo tempo que valoriza essa diversidade cultural, acaba mostrando que no final das contas a gente tem muita coisa em comum”, ressalta Priscilla.
Para além do pano de fundo do poder da imaginação, o longa toca em um tema sensível e que ecoa no momento que o mundo vive diante da pandemia do coronavírus. Após perder a mãe, Fei Fei sente dificuldades para superar o luto e seguir em frente. Sem aceitar que o pai inicie um novo relacionamento, ela acredita que a figura de Chang'e pode inspirar o viúvo a continuar sozinho. Na lenda, antes de ser transformada em uma deusa, ela jurou amor eterno ao noivo mortal e, ao longo dos séculos, busca uma forma de ressuscitá-lo.
“A arte é uma ferramenta tão poderosa para se comunicar com o ser humano. O filme carrega muitas conclusões inspiradoras e que podem trazer esperança não só para as crianças, mas também para os adultos. Eu, por exemplo, também perdi alguém nessa pandemia muito próximo a mim. É muito bom receber trabalhos que carregam, no final das contas, uma mensagem de alento”, comenta.
Ex-apresentadora do programa infantil “Bom Dia & Companhia”, Priscilla diz que conseguiu identificar características em comum com a protagonista de “A Caminho da Lua”. “Em muitos pontos eu achei que a personagem tem tudo a ver comigo. O destaque é a determinação em relação ao que ela é e ao que ela deseja, não deixando outras opiniões ou pressões externas interferirem naquilo que realmente tem como identidade e propósito”, diz.
“Isso acabou facilitando na hora de interpretar a música. Ela é como se fosse um grito da alma da Fei Fei, algo que ela está sentindo e quis verbalizar. Então, eu precisei internalizar muito o espírito dela para entender como é que a minha voz poderia personificar isso”, complementa.