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Doria diz que Datena 'não é médico' em discussão ao vivo sobre Coronavac

Discussão aconteceu durante entrevista do tucano ao programa Brasil Urgente

Governador João Doria e CoronaVac - Divulgação/Governo de São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena discutiram nesta quinta-feira (22) sobre isolamento social e a briga entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro em torno da Coronavac, a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Durante entrevista do tucano ao programa Brasil Urgente, Datena perguntou por que o governador dizia que "o pior [da pandemia] já passou" e ainda assim brigava tanto pela vacina. O político retrucou e afirmou que Datena não era médico para discutir sobre o assunto e que deixava a questão para os especialistas do Centro de Contingência do Coronavírus estadual.

"Datena, volto a repetir para você: são 20 médicos especialistas que cuidam disso, não é determinação minha e nem será sua, com todo respeito que você merece, mas você fica insistindo nisso. Você não é médico, não é infectologista, não é especialista. Por isso eu sigo as orientações dos médicos", afirmou Doria.

"Nem o senhor é médico", respondeu o jornalista. "Quantas pessoas morreram hoje em São Paulo? São 111 pessoas que morreram em São Paulo [em 24 horas]. É quase a metade da França inteira, quase que o total da Espanha inteira, e lá os caras estão fechando tudo e aqui a gente está em fase amarela", retrucou Datena, criticando o plano de reabertura do governo estadual.

Na verdade, morreram 147 pessoas na França e 156 na Espanha nesta quarta (21), segundo a universidade Johns Hopkins. São Paulo tem regiões na fase amarela do plano de reabertura gradual e outras regiões na fase verde, como a capital. A entrevista começou com o apresentador questionando Doria sobre a afirmação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que não compraria a Coronavac mesmo se ela fosse autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A declaração foi dada à Jovem Pan. Bolsonaro alegou que existe um "descrédito muito grande" em relação à origem do imunizante e sugeriu que não aceitará ser vacinado contra a doença.

Doria reafirmou que considera a declaração do presidente criminosa. "Se [Bolsonaro] confirmar o que foi publicado hoje nos sites de notícia, de que mesmo com a aprovação da Anvisa ele vai negar o acesso à uma vacina que salva vidas de brasileiros, essa será uma atitude criminosa e ele poderá ser classificado como tal", disse.

"Como pode um presidente da República diante de uma pandemia dizer que não vai colocar a vacina à disposição da população porque ele não quer? É homicídio, é uma ação criminosa", seguiu Doria. Segundo o governador, caso isso ocorra, ele pode recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Datena também questionou o governador sobre o fato de o diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, ter dito que a Anvisa está retardando a autorização para a importação da matéria-prima da farmacêutica Sinovac que possibilitará a fabricação da vacina chinesa no Brasil.

"Apesar da situação protelatória, nós aceitamos a manifestação da Anvisa de que no próximo dia 4 [de novembro] terá uma reunião para liberação da importação dos insumos. Não aplicaremos a vacina sem autorização, mas não faz sentido adiar", afirmou Doria, que disse ter saído "muito bem impressionado" de uma reunião nesta quarta-feira (14) com o diretor-presidente da Agência, o contra-almirante da Marinha Antonio Barra Torres.

Até agora, disse, "não temos razão para duvidar da isenção da Anvisa. Mas, se a Agência tiver comportamento protelatório para atender a pressões do presidente Boslonaro, eu denunciarei isso publicamente e agirei judicialmente. Espero que a Anvisa cumpra seu papel como tem cumprido até aqui."